sábado, 19 de abril de 2008

ROMARIA


Vinham para Bertioga ajuntados incomodamente em Paus-de-Arara, como reses para o abate. No olhar, aquele perceptível ar de resignação embotado por um brilho profundo de uma esperança concreta, pungente e palpável. Almas jogadas às intempéries terrestres, sugadas pela fome e pelo tempo, liofilizadas pelo sol , pela exploração e pelo esquecimento da selva humana. Esmagadas pela crueza da realidade à volta , apegam-se a possibilidade final de imanência: Nossa Senhora dos Desafogados de Bertioga ! Espíritos genuflexos à espera do milagre derradeiro, da redenção plena num outro mundo mais solidário e menos desigual. Descem das carrocerias aturdidos, agarrados a seus rosários como se se apegassem ao timão de uma nau ébria e titubeante. Barracas ao redor vendem um sem número de quinquilharias, sacralizadas às pressas, bentas por um onipresente Deus Mercúrio. Promessas se liquefazem e escorrem pelas calçadas da igreja, pelas ruas imundas, pelas escadarias, pelos cruzeiros, pelas palavras de fogo jogadas boca afora pela língua dos eternos vendilhões do templo. Por todo lado, uma bocarra ávida solve os pobres níqueis untados de sangue, lágrimas e suor e vomita em troca, como uma louca Pitonisa, profecias vãs , verdes e gloriosas no miserável e árido coração de tantos devotos. Ex-votos, postados de forma aleatória na sacristia, perfazem um quadro dantesco, como espólios últimos de uma guerra fratricida ou de um ritual canibalesco, quem sabe o registro terrível de um novo e interminável Holocausto. Óbulos diversificados : moedas, notas, animais, legumes, objetos metálicos repousam aos pés dos santos lembrando dádivas pagãs oferecidas, numa rediviva Festa Primaveril, a um novo Bezerro de Ouro. Oferendas tombadas ao chão lembrando que a crença alimenta-se do eterno sacrifício humano. Terços dedilhados desordenadamente, mistério a mistério, conta a conta, somam uma outra conta perfeitamente enigmática no ábaco da vida. O balbucio das preces tangidas maquinalmente de lábios rachados -- como se se mimetizassem com a terra um pouco abaixo-- preenche o mundo como um mantra : uma espécie de trilha sonora para uma tragédia estrategicamente preparada nos seus mínimos detalhes. Chapéus de palha ruflarão, freneticamente, na vã esperança de fazer soprar ventos de renovação, vendavais com capacidade de revolver definitivamente as arcaicas estruturas do planeta. Em vão.
As ruas, os templos, os santos, os vendilhões permanecerão exatamente os mesmos, imutáveis e fixos como soldados de Pompéia. Ao derredor, apenas os mesmos romeiros, numa procissão infinita, em moto-contínuo, continuarão piedosamente a trilhar os mesmos caminhos .Tangidos pela esperança, ébrios de fé , caminharão em círculos, sem ao menos perceber que seu destino único é o de vagar pelo deserto em busca de uma terra tantas vezes prometida e outras tantas igualmente negada.

Últimas de Matozinho


SECOS e MOLHADOS


Chico Luiz chegara recentemente para uma breve estada em Matozinho. Representante comercial da Fernandes & Fernandes - Secos & Molhados viera da capital como mascate , trazendo consigo aquelas quinquilharias de sempre. A sopa varara todo o estado por quase dois dias até chegar em Matozinho, despejando um Chico mais moído que milho de canjica. Hospedado na famosa Pensão Tupinambá, nosso comerciante extasiou-se, rapidamente, com o provincialismo da cidade. Solteirão , entrado nos quarenta, vivia maldizendo a correria da capital, onde com tanta velocidade para tudo, não se tinha tempo de parar para viver. Depois, carregava consigo, vários traumas tão comuns em cidade grande : fora assaltado por duas vezes e quase perdera a vida num acidente de trânsito quando se deslocava para uma cidade vizinha e cochilara no volante. Não dera ainda cabo da primeira semana na vila, Luiz já tomara a decisão. Pensava em mudar-se, definitivamente, fixando-se em Matozinho e em continuar exercendo suas funções de representação na região. Iria à capital apenas esporadicamente para resolver algumas pendências e visitar familiares e amigos. Enviou, inclusive uma cartinha para a firma, contando dos seus propósitos. Imaginou que a idéia teria ótima guarida por lá, uma vez que há já muitos anos seus patrões buscavam sediar alguém naquela distante área, com experiência e mobilidade suficientes para tocar os interesses comerciais da empresa.
Os dias se foram passando e Chico Luiz cada vez mais se foi convencendo que tomara a decisão mais acertada para sua vida. Dormia quase de porta sem tranca, perambulava pelas ruas vazias da cidade, altas horas da noite. Todo mundo o conhecia já e podia capotar bêbado em qualquer viela que certamente alguém o levaria nos braços para a Pensão Tupinambá. A proximidade com os comerciantes da região também, aumentaria significativamente as vendas e facilitava, por outro lado, as cobranças. Só havia , basicamente, um probleminha, Matozinho era pequena e todo mundo se sentia como da mesma família. A solidariedade vinha com um precinho: todo vivente se sentia no direito de se meter na vida do outro. A fofoca imperava. Qualquer descuido e a história ganhava a rua e se espraiava como epidemia, aumentando pouco a pouco à medida que saltava de língua em língua.
Já com mais de um mês na vila, Chico já se considerava da terra. Aguardava, apenas, a confirmação da firma. Um dia soube de um júri que iria haver naquelas plagas. Coisa rara por ali. Numa briga de bar, anos atrás, Cacildo Piojota havia matado Nenzim do Fó com uma paulada na moleira. Júri no interior é uma dessas raras diversões e junta gente como em Festa de Padroeira. Luiz resolveu aproveitar o entretenimento gratuito. Entrou na Sala da Câmara de Vereadores, improvisada de fórum, e abancou-se com dificuldade. Já havia gente dependurada por todo canto, esperando o desenrolar do julgamento. No Centro , Dr. Hermenegildo Bembém, o juiz togado de Matozinho, iniciou os trabalhos. Dando a palavra ao promotor Dr. Ribinha que pinicou o tabuleiro de Piojota por mais de duas horas. Segundo ele crime frio, calculado, hediondo. Dr. Zílio Castanheira, por sua vez, arregimentou uma difícil tese de legítima defesa, afirmando, categoricamente que Nenzim já o vinha ameaçando o réu de morte há muitos anos. O momento crucial do julgamento estabeleceu-se quando Dr. Hermenegildo resolveu ouvir o réu Cacildo:
--- Seu Piojota, me explique aí como tudo aconteceu.
Cacildo levantou lentamente seus quase dois metros de altura e contou sua versão:
---- Seu juiz, nós tava bebendo umas mendraca, os dois já mais melado que balcão de correio, quando num sei porque começou um bate-boca. Ele, brabo, me deu umas tapas, aí eu, dei uma cipoaidinha de nada nele e, até hoje num sei, como diacho foi que aqueele fracote ensebou o capim...
---- Cipoadinha, seu Piojota, que cipoadinha ? O senhor pipocou a cabeça do seu Nenzim que nem a viúva reconheceu o corpo . Com que foi mesmo essa cipoada ?
Neste momento, um Chico Luiz atônito ouviu da platéia aquela declaração de Cacildo que quase o derruba da cadeira :
--- Ora , seu juiz, a cipoadinha que dei nele foi cum pau de porteira...
Rápido Luiz imaginou aquele pau de porteira que pouco a pouco de tanto entrar e sair do buraco da cancela ia ficando brilhante, como aço inoxidável e se tornando uma arma mais perigosa que uma borduna ou um taco de beisebol.
Chico voltou capiongo para a Pensão Tupinambá e lá encontrou, por coincidência, a resposta afirmativa da sua empresa quanto à sua nova residência. Cabisbaixo, pegou a caneta e enviou um pequeno bilhete para a Fernandes & Fernandes Secos & Molhados :
--- Desisti de tudo. Em lugar que pau de porteira de baraúna é considerado chicote , eu não moro. Será que não tem algum lugar para Bagdá ou para Faixa de Gaza ?

J. Flávio Vieira

Últimas de Matozinho

FÉRIAS


Bastião do Grampo nasceu lá pras bandas do Coronzol e chegou em Matozinho para trabalhar como barnabé no Posto de Peste. Conseguira a sinecura , ainda jovem, de um tio seu, cabo eleitoral em Caririaçu , que firmara amizade de conveniência com um deputado federal: um daqueles bichos que se alimenta de verbas públicas e alimenta os outros com promessas geralmente vãs e inexeqüíveis. Mas, ao menos para Bastião, a coisa funcionou a contento. Levou toda a vida na maciota, arrancando o grampo que unia as duas vias dos pedidos de exames. Só. Daí veio o sobrenome de Grampo com que era internacionalmente conhecido em Matozinho.
Afora isto, jamais dera um prego numa barra de sabão. Qualquer solicitação dos superiores que fugisse à rotina de trabalho estafante de Bastião, ele armava uma cara de fastio, franzia o cenho e deixava as pálpebras cair a meio pau e soltava aquela que seria a sua palavra de ordem na repartição :
-- É uma luta, meus amigos, uma luta !
Os tempos foram passando e nosso barnabé, já meio goiabão, casou com D. Mariinha. Ainda pôs dois filhos no mundo. Mantinha, do alto de seus sessenta e cinco anos, uma saúde razoável para quem nunca tinha deixado escorrer na face uma gota de suor. Nem quando tomava remédio para febre! -- Comentavam os amigos, pelos cantos. A única deficiência que os tempos lhe trouxeram foi na audição. Coisa de família: aos poucos começou a ouvir menos e menos e para falar com ele se precisava elevar o tom de voz. Mesmo assim, os amigos diziam que existia uma surdez seletiva: apenas para as coisas que não interessavam, como cobranças, reclamações, solicitação de tarefas extras. Na hora de lhe pagarem dívidas, de ouvir fofocas, tinha ouvido de tuberculoso. Desde os sessenta, vinha batalhando por uma aposentadoria que teimava em não se concretizar por entraves burocráticos. Já atanazara os chefes políticos de toda região buscando uma celeridade maior no processo, mas continuava tendo que comparecer diariamente ao trabalho, pegar a velha espátula e ir arrancando os grampos como vinha fazendo há quase quarenta anos. Ufa!
Semana passada, Miguelzinho, seu filho mais novo e uma espécie de tradutor oficial de Bastião na sua surdez, contou, aos gritos, como de costume, que haveria um comício na Praça da Matriz com vários políticos da situação. Estava-se, novamente , em época pré-eleitoral, aquele raro período de risos fartos e sensibilidade à flor da pele. Nosso barnabé ficou feliz que só pinto em monturo, com a notícia. Nunca teve muita educação política. Sempre esteve invariavelmente do lado do governo, o lado da sombra, como ele chamava. Dizia , categoricamente, que pobre não tinha o direito de escolher candidato, isto era coisa de cabra remediado. Sabendo da vinda dos “homens” se animou primeiro porque aparecia uma oportunidadezinha de massagear a vaidade dos homens e, depois, poderia apresentar a conta a eles: a possibilidade de desencalhar aquela novela interminável da aposentadoria.
No dia aprazado, na turma do gargarejo, lá estava Bastião com Miguelzinho, seu fiel escudeiro e tradutor, de lado. A carroceria do velho caminhão de Pedro Fulô fora improvisada de palco. Após a apresentação de dois emboladores, chegou, por fim a vez dos enroladores. Primeiro cedeu-se a palavra ao baixo clero: vereadores e deputados estaduais, depois foi a vez de Sindé Bandeira, o prefeito da cidade e, por fim, chamou-se ao microfone, o governador Parsifal Umbilino, o famoso “Papá Canela de Siriema”. O mais importante mandatário do estado tratava-se de um velho alto, magro e desengonçado, com uma dicção horrível que até parecia um ganso engasgado. Colocado como interventor , em plena ditadura militar, tinha a fama de burro e dedo duro. Bastião, empertigado, nas primeiras fileiras ouvi os primeiros discursos com desinteresse. Já sabia, mesmo sem ouvir, o que todos estavam dizendo, a ele interessava apenas a conversa de quem manda, do “dono dos porcos”. Assim, apenas quando Parsifal começou a grasnar no microfone é que ele passou a usar desesperadamente o auxílio de Miguelzinho na tradução. “Canela de Siriema” começo logo elogiando a Revolução de 1964 e o governo federal que agora era exercido por um Triunvirato. Neste ponto, um Bastião ansioso já solicitou a tradução simultânea. Miguelzinho urrou para ele :
--- Ele ta dizendo, papai, que quem governa agora o país é um triunvirato!
“Do Grampo” fez um indiscutível ar de contentamento e gritou:
--- Quem governa agora é Viriato ? O Velho Viriato? Tô feito, meu filho, é primo legítimo de Mariinha !
Miguelzinho ainda tentou corrigir, mas viu que era impossível, já que a tradução do novo parágrafo vinha logo adiante.
--- Miguelzinho, o que diabos é que “Canela de Sirtiema” tá dizendo agora ?
O tradutor então, mais uma vez explicou aos berros:
--- Parsifal tá prometendo, papai, que se for reeleito o funcionalismo público só vai trabalhar dois meses por ano !
Bastião, animou-se todo e nas pontas dos pés, perguntou a Miguelzinho:
--- Tá bom, dois meses tá bom , mas preste atenção aí, meu filho, veja se ele já regulamentou as férias.

Simbora!




Bem-vindos a Matozinho !

Lançado em 12/10/08( Fotos) o Livro "Matozinho Vai à Guerra", de J. Flávio Vieira narra a saga desta cidade encravada em algum lugar do nordeste brasileiro: seu povo, um pouco de sua história e das mungangas e peripécias das sua figuras mais típicas.Este blog vai tentar acompanhar o dia-a-dia daquela cidadezinha.



Matozinho e seu cronista

Matozinho é uma cidadezinha perdida nos confins do sertão. Existe em permanente guerra declarada da modernidade com a tradição. Vencedor dessa ilíada é o observador narrador – cronista José Flávio Vieira. Médico formado em Recife e hoje clinicando em Crato, esse caririense, sobrinho do Padre Antônio Vieira, aquele que cantou o jumento como nosso irmão, vem, o esculápio, mostrando os dons literários e artísticos do tio famoso.
Primeiro investiu no teatro e se deu bem. Agora vem de narrador literário e se apresenta melhor ainda. Não se pode dizer que o livro é um romance, uma coletânea de contos ou de crônicas. É tudo isso junto. Ele vai contando as histórias da cidade, mantendo um fio condutor entre cada uma e um romance se edifica. Mas individualmente pode-se considerar cada capítulo como um conto.
No início do livro, o autor apresenta os “Apontamentos para a História Mítico-Sentimental de Matozinho”. É então que, segundo ele, os primeiros relatos sobre Matozinho chegam-lhe através do viajante F. Monteiro Lima. Interessante é que a gente nota que esse viajante é o próprio autor, que cria sua cidade e toma posse da mesma, encarnando todos os tipos que cria. Depois vem relatar, para o leitor, a história dessa sua cidade mítica. Não adianta ele envolver também um tio falecido na decadente Cococi, através de uns manuscritos guardados. Esse tio é ele mesmo.
Para caracterizar esses personagens de que se mascara, o narrador vai também desenterrando do ostracismo um regionalismo que se edifica principalmente na linguagem. Daí que aparecem: Labacé, quicé, botica, espinhela caída, capiongo, esgalamido, olhos de pitomba lambida, purga de cóis, pifó, lopéu, infuca, emboança, bicada, chiaba, abirobado, quixó, peitica, fubica, mucumbu, currulepe, varapau, pitingula, fubuia, cumbuca, escandelo, rapapé, cangapé, requifife, querequequé, minguiriba, caié, mangofa, estrovenga, batoré, meropéia, picuaio, bituca e treloso. Além desses termos, há dizeres e provérbios regionalistas. São tantos esses momentos que daria um glossário no final do livro, como fez Américo Facó com Dona Guidinha do Poço, de Oliveira Paiva.
A escritura de J. Flávio Vieira é tão ele próprio que o leitor fica com a certeza de que, feito um Riobaldo, de Grande Sertão: Veredas, o autor conta essas histórias para dar sentido ao existir. A ossatura daquela vila distante é a mesma que o coloca de pé e de oitiva diante dos aconteceres que decorrem. Por isso que, em tiro certeiro com sua socadeira, ele se epigrafa escorado em T. S. Eliot: “Com tais fragmentos foi que escorei minhas ruínas”. Sintetizado está aí o sentido encontrado pelo autor para encetar sua viagem pela Vila de Motozinho. As ruas de Motozinho são as artérias que se agasalham abaixo de sua epiderme.
Dessas ruínas que constituem o curioso tecido de sua memória vão surgindo os tipos curiosos da cidadezinha como: Expedito do Pau Véio, o artesão; Quinco Magarefe, o açougueiro; Zé Benze-Benze, o raizeiro; Pedro Pito, o cordelista; Jojó Fubuia, o cachaceiro; Zé Patife, o bodegueiro; Zé Maromba, o esmoler; Catão Tororó, o delegado; Pedro Kamim de Rato, o barbeiro; Zezito do Caolho, o feirante; Zé Maliça, o pistoleiro; Bode Rouco, locutor da amplificadora; Alberio Jurema, o Barnabé; Quinco Pau-de-Arara, o policial; Toim Araguaia, o ex-guerrilheiro; Janjão Cataplasma, o esculápio; Zé do Balde Furado, o vendedor de água; Pedro da Carroça Velha, o carroceiro.
Os nomes atípicos dos personagens, geralmente remetendo aos seus ofícios lembra as narrativas de José Cândido de Carvalho, em O Coronel e o Lobisomem e, principalmente, Por que Lulu Bergantim não atravessou o Rubicão. Essas intertextualidades enriquecedoras vêm acompanhadas de tiradas humorísticas surgidas do comportamento inusitado de seus personagens. Assim era Ciço do Rolo, feirante que aparecia em Matozinho, fazendo qualquer negócio. “Trocava quadro do coração de Jesus por um cento de ponteira de pião; talabardão de cangalha por saco de estrume; caçote por fojo de pegar préa”.
Esse livro de J. Flávio Vieira tem humor de sobra, mas é um humor pungente. É a cidade rindo para não chorar a perda da inocência. Motozinho sangra por não poder resistir à invasão globalizante. A melhor saída para resistir a essa invasão inapelável é zombar dela. Cantar a dor é uma forma de resistir a ela.
O momento mais engraçado do seu livro, mais sintomático com relação à globalização dos costumes, acontece, como em qualquer lugarejo, quando chega a televisão. As antenas sobre as casas trouxeram um mundo pesado por sobre a leveza dos costumes locais. Antológica é a cena da instalação do primeiro aparelho de TV, em Matozinho, exatamente na praça única da cidade. O prefeito Sinderval Bandeira ordenou à primeira dama, D. Generosa Bandeira, para providenciar a ligação do aparelho, avisando ao povo presente: “ - Atenção, atenção, meu povo! Se aprepare que agora mesmo vai aparecer a imagem.
Nisto todo o povo presente na praça, religiosamente, demonstrou aquele que seria o último ato da inocência que, a partir daquele momento, começaria a desaparecer. Ante o aviso do aparecimento da imagem, eles piedosamente, se ajoelharam”.

Batista de Lima