quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Efeitos Colaterais

Godofredo e Isabel mantiveram um casamento perfeito por quase vinte anos. Eram figuras icônicas nas brigas dos amigos: “ Você devia ser como o Godofredo!” “Por que você não se porta como a Isabel , aquilo sim é que é uma mulher”. Vencido o prazo de validade de todo matrimônio, quando o remédio fabuloso começa pouco a pouco a mostrar seus efeitos colaterais, sua reações adversas e a se transformar em veneno, o casal começou a ficar mais distante, nem discussões mais conseguiam entabular. No espaço vazio do relacionamento, terminou por surgir alguém para preencher a vaga. Godofredo, antes um esposo fidelíssimo, se enrabichou por Tamires, uma colega de trabalho, vinte anos mais nova. Como era de se esperar ,não cabia tanto pequi no baião-de-dois de Isabel , quando ela descobriu que havia ingredientes estranhos na culinária, entornou, literalmente o caldo da pequizada. Como sempre, os casamentos mais equilibrados são justamente aqueles que mais se desequilibram na hora da dissolução. O pau comeu solto. Agressões se repetiram lado a lado, culminando com sopapos generalizados, telefone em orelha de Tamires, tapa no terreiro dos olhos de Godofredo, braço quebrado de Isabel.
Terminada a guerra doméstica, estavam armados os exércitos para as batalhas judiciais. No interlúdio entre os conflitos periódicos, estabeleceu-se uma guerra fria. E nem havia tantos bens a serem partilhados: uma casa, um carro, uns terrenos na periferia: só. Mas acordo mostrou-se desde o início totalmente impossível. Simplesmente porque não estava em jogo, na realidade, a questão meramente financeira. Godofredo havia ferido Isabel no seu ponto mais sensível, no seu calcanhar de Aquiles, o amor próprio, e aí não havia patrimônio nesse mundo que fosse capaz de indenizar tanto dano, nem o de Bill Gates. Advogados de lado a lado, desde o início, Godofredo e Isabel montaram sua lavanderia pública e procederam à interminável lavagem de roupa suja. De repente veio à tona aquele varejo de incongruências e deformidades de que todos os casamentos estão prenhes. Godofredo era meio brocha, Isabel tinha mal hálito superior e inferiormente e pro aí vai.
Na impossibilidade de acordo, a pendência correu para a demorada esfera judicial. Audiências, desaforos, custas judiciais e advogados dando corda pelas beiradas. O certo é que o processo tramitou por uns oito anos e, no final, praticamente já nada tinham para partilhar. Os bens , poucos, tinham sido consumidos na própria alimentação da causa. Restaram apenas o fel, o veneno destilado lado a lado que acabaram por nublar completamente a lembrança dos verdes e doces enlevos dos primeiros dias.
Recentemente um primo dileto de Godofredo, chegando da Europa,onde residia há muitos anos, não conseguiu compreender a penúria em que viviam os dois antigos pombinhos. Eles que quando casados gozavam de uma confortável situação, agora ali estavam tocando a vida com dificuldades típicas de classe média baixa. Como se explicava a tragédia?
O pai do primo europeu foi quem conseguiu didaticamente explicar o inexplicável, utilizando os recursos da fábula.
--- Meu filho, um dia dois gatos encontraram um pedaço de queijo e começaram imediatamente a brigar. Cada um se achava dono do presente encontrado. “É meu!” “É meu, eu vi primeiro!” Começaram ,então, a se engalfinhar, numa luta sem precedentes. Foi aí que apareceu o macaco e ofereceu-se para intermediar a questão. Propôs dividir o naco de queijo no meio e, cada um ficar com sua parte. Os gatos, então, aceitaram, desde que os pedaços fossem exatamente iguais. O macaco, então, salomonicamente, pegou uma balança e cortou o queijo em duas partes. Colocou-as cada uma em um dos pratos. Notou-se, então, que um dos lados era maior e que o prato descia. O macaco, tranqüilizou-os: não tem problema! Cortou um pedacinho da parte maior e comeu e voltou a pesar as duas fatias. Agora, era a outra que estava mais pesada. O macaco procedeu da mesma maneira, cortou mais um tanto e comeu e voltou a fazer a pesagem. O problema repetiu-se e, ele, prontamente cortou mais um taquinho, comeu e pesou novamente. Repetidas as ações por várias vezes, os gatos gritaram : Pode parar, já basta ! Está bom ! Notaram que os pedacinhos que restavam agora, eram bem miudinhos, o macaco comera quase tudo. O acordo foi feito rapidamente e os gatos saíram satisfeitos. Pois ,é ! Os gatos eram Godofredo e Isabel !
--- E o macaco, papai ?
--- Era o advogado, meu filho !

24/02/11

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Uma vila qualquer


Passados tantos anos já ia ficando difícil saber o que realmente acontecera . O limo do tempo fôra recobrindo os detalhes mais importantes e a verdade se fizera fluída e escorregadia. O certo é que fragmentos da história eram narradas pelos mais velhos nas rodinhas de praça e, os mais novos, foram preparando suas as versões pessoais, nem sempre congruentes, como se montassem um quebra-cabeças. Havia porém, pontos de consenso: A Vila fôra muito próspera, encruzilhada necessária onde confluíam ( como numa foz), mascates e peregrinos, foi aos poucos formando um comércio próprio, que foi se robustecendo com o passar dos meses. Mergulhada a Vila numa terra fértil, foi aos poucos desenvolvendo uma agricultura que passou da subsistência à produção em escala quase industrial. O povo feliz, trazendo no sangue a seiva de índios, negros e brancos colonizadores , mantinha a sua cultura a ferro e fogo e a pequena Vila passou a próspera Cidade, sem nunca deixar de carregar consigo aquele doce ar provinciano. Metamorfoseara-se , geograficamente, em cidade, mas historicamente ainda era uma Vila: ganhara o conforto da metrópole, sem perder a ingenuidade e placidez de Vila. Até este ponto todas as versões terminam por desembocar. A partir daí perde-se o fio da meada, as estórias tendem a divergir sistematicamente. O certo é que a Vila ,no seu apogeu, sem causas visíveis, entrou, rapidamente, em franca decadência. Era como se tivesse sido sorvida por um buraco negro, como se houvesse caído sobre ela o Cometa que se diz Ter destruído os dinossauros.O comércio minguou, os engenhos passaram a não mais safrejar e o povo foi pouco a pouco jogando fora suas tradições e destruindo seus sítios históricos.A cidade foi , paulatinamente, se tornando vazia e oca, parecia até aquelas cidades abandonadas dos filmes de faroeste, só faltavam os rolos de feno carregados, no meio da rua, pela ventania. O povo, no entanto, montado no fausto de outrora e em meio à decadência, ia cada vez mais empinando o queixo, se tornando pábulo e contador de vantagem. Qualquer pequena obra no município era comemorada como se inaugurasse a Estátua da Liberdade.
Os motivos da hecatombe eram muitos e davam munição para discussões acaloradas em todos os logradouros. Havia um outro aspecto, porém, que era consenso entre todos: velhos e novos. A causa principal do declínio era política. Alguns, mais supersticiosos, achavam até que era "coisa botada", um caié, uma urucubaca encomendada. Por quase cinqüenta anos o município se submeteu a administrações péssimas. Sempre que se elegia um prefeito, repetia-se sempre a mesma coisa: arrodeava-se de apaniguados, indicava os familiares para os cargos mais importantes e estava montada a quadrilha. Era um não mais parar de roubar, de apropriar-se dos bens da população, coisa de fazer Ali Babá indignar-se. Acabado o mandato, o povo respirava aliviado, pensando: --- Ainda Bem ! Pior que este é impossível! O diabo é que o mal não tem fronteiras e , na sua infinitude, sempre conseguia arranjar um edil pior e mais ardiloso que o outro e aí o ciclo se fechava. É certo que numa das gestões apareceu um sujeito do bigodão , com cara mais séria que fundo de touro , cabra pontos nos ii . O diabo é que o homem morreu no meio do mandato aí.... O Vice, sedento, faminto, Assumiu! Este ponto era, inclusive, o que mais alimentava as especulações dos supersticiosos , que achavam que alguém tinha costurado a boca de um sapo e enterrado na prefeitura da cidade.
Dias desses, em meio à Festa da Padroeira, os maior fofoqueiro da Cidade, Zé Gallup, resolveu fazer uma enquete. Saiu , travestido de pesquisador do Ibope, fazendo a seguinte pergunta: --"Qual o melhor Prefeito desta cidade nos últimos cinqüenta anos ? Depois da consolidação dos dados, Zé Gallup, reuniu , na praça, os amplificadores de boatos da cidade e divulgou o vencedor. O resultado não podia ser mais surpreendente:
--- Zuca Mingau!!
Antes que todos protestassem, já que Zuca, era um simples gari, um dorme-sujo que jamais sequer sonhou em ser nem vereador; Gallup , com a seriedade dos pesquisadores renomados, explicou:
--- O resultado tá certo cambada! Vocês lembram que o penúltimo prefeito desta porcaria, não tendo conseguido eleger seu sucessor, ficou com raiva e não quis passar o cargo ao inimigo político eleito? Entregou, então, as chaves do paço municipal a Zuca Mingau, que tava capotado ali por perto, numa ressaca danada. Pois bem, Zuca ficou ali esperando o novo prefeito, para entregar as chaves. Foi então(queira-se ou não!) Prefeito por duas horas. Ele, na sua curtíssima administração, varreu o pátio da Prefeitura, limpou as escadarias, não roubou nada e nem deixou que ninguém roubasse, embora estivesse de posse das chaves e , também, não chamou os filhos e a mulher para chafurdar o paço. Pois bem, nas duas horas apenas que passou como Prefeito, Zuca Mingau, foi o melhor administrador desta cidade, nos últimos 50 Anos!
Ago / 2000

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Corrupios

O Rio Paranaporã serpenteava toda encosta da Serra da Jurumenha e cortava Matozinho em duas fatias. Nas margens de suas águas algo salobras é que, historicamente, organizou-se o pequeno povoado que terminou em vila. O Paranaporã passava a maior parte do ano seco como língua de papagaio e os matozenses iam cavando poços no seu leito, no verão, buscando , desesperadamente algum veio de água.Com o crescimento inexorável da vila, as margens do rio foram pouco a pouco sendo ocupadas por casebres e o leito passou a ser o esgoto natural da vila. O antigo rio bonito , como os indígenas o tinham batizado, já não merecia esse nome. Na época do inverno, quando suas águas se encrespavam, o rio procedia a uma faxina rigorosa no leito, limpando toda a sujeira que lhe tinham impingido durante o ano e a beleza de outrora florescia por alguns meses.Esta alegria durava no máximo uns cem dias, logo depois, no entanto, vinha a estiagem demorada e o rio, novamente, se transformava em fossa séptica.
Aquele ano, tinha sido de todo atípico. Os matozenses comentavam frequentemente que na época do dilúvio, em Matozinho ficou apenas nublado. Ali , chuva era coisa rara de se ver , tinha peixe com três anos de idade que ainda não sabia nadar. Pois bem, aquele janeiro mostrou-se inesquecível. De repente, sem que profeta nenhum tivesse previsto, as nuvens abriram as comportas e , durante cinco dias, desabou uma chuva sobre a região, com raio e trovão de estralo. No segundo dia, o Paranaporã já corria fora do leito e, nos outros que se seguiram, desenhou-se uma tragédia jamais vista. Casas boiando, comércio encharcado, praças sobrenadando. Até a Igreja da Milagrosa Santa Genoveva ficou com água quase na torre. Pelo sim, pelo não, os matozenses salvaram a imagem da Santa, antes que o mar de água resolvesse ir rezar na capela: podia ser que com toda milagridade ela não soubesse nadar. Acalmadas as nuvens, os matozenses começaram a computar os prejuízos . Não morrera ninguém, mas restara pouco da vila. O povo, no entanto, tinha treinamento em sobrevivência na selva e PhD em miséria e seus congêneres, impavidamente, iniciou a reconstrução daquilo que um dia havia sido Matozinho.
De pronto os políticos aproveitaram a enchente para preparar o próximo saque: o eleitoral. O prefeito Sindé Bandalheira reuniu a Câmara e juntos solicitaram ajuda ao governo do estado. O governador prometeu mundos e fundos e, como se comentava à sorelfa que o homem era pouco viril, os matozenses sarcasticamente diziam que ele só havia dado a segunda parte da promessa. Se verba apareceu, o certo é que ficou parada no meio do caminho, não teve força nas canelas para chegar nas mãos do povo.
Na década seguinte, o problema repetiu-se por mais algumas vezes. Não na mesma intensidade, é certo. Mas isso foi o suficiente para os matozenses concluírem que aquilo não era apenas implicância de São Pedro mas, talvez, uma revolta da natureza ferida. Perceberam que a tendência seria uma certa regularidade na tragédia. Tanto se contorceram que, finalmente, um deputado conseguiu, junto ao governo federal, um projeto para construção de uma represa na encosta da Serra da Jurumenha que teria a finalidade de esbarrar as águas e, assim, resolver, por definitivo, a questão das enchentes periódicas. A Barragem do Corrupio foi construída, próximo ao açude do Sabugo, há uns cinco quilômetros de Matozinho. A partir daí, a cidade passou a dormir mais tranqüila.
Gato escaldado tem medo de água fria. No ano seguinte à construção da barragem, as chuvas foram, novamente abundantes. O rio, no entanto, represado, manteve-se pacato. Um outro fantasma, agora, começou a assombrar a vila. E se as chuvas fossem intensas demais e a barragem pipocasse? Aí desceria, de repente, um mundão de enchente, serra abaixo e, possivelmente, não escaparia viva alma. As apreensões da população chegaram no ouvido do prefeito e este, preocupado, designou um vigia para a barragem. Tratava-se de Filismino do Sabugo que morava nas cercanias da represa. Sindé Bandalheira o contratou para pastorear a barragem e, em havendo qualquer risco, entregou-lhe uma dúzia de fogos para ele soltar imediatamente. Aquilo serviria de alerta e, mediante o fogaréu nos ares, o povo teria tempo de capar o gato.
Os matozenses ficaram mais tranqüilos. As providências pareciam perfeitas e tudo teria saído a contento, não fossem alguns efeitos colaterais do remédio administrado. Pois não é que naquela sexta-feira, tardezinha, caiu uma chuva forte em Matozinho. O povo ficou de olho no Paranaporã, mas esse não dava sinais maiores de alerta. A chuva continuou, preocupantemente, com o cair da noite, mesmo assim os matozenses se recolheram a suas camas, com um certa tranqüilidade. Eram umas onze horas da noite, quando o alarme de Filismino soou: vários fogos estouraram no céu, lá para as bandas do Corrupio. Foi o estouro da boiada.
Os matozenses danaram-se a correr mato adentro, procurando subir as encostas que se encontravam mais distantes da barragem. Mãe esquecia filho, marido não se lembrava de mulher. De manhã, Pedro Perneta, que andava em cadeira de roda e pedia esmola nas calçadas, foi encontrado no olho de um coqueiro: não me perguntem como tinha chegado lá. Cego recobrou a visão na noite do dilúvio e desabou estrada abaixo. Sueldo Jogó que se recuperava de duas fraturas nas pernas, ainda engessadas, causadas pela queda de cima de um burro, foi um dos primeiros a chegar em Bertioga, correndo e sem muletas.
Quando o dia amanheceu o povo se deu conta de que a tragédia alarmada não tinha acontecido. Só depois, arrochando o velho Filismino, souberam que ele não tinha detonado o alarme. A confusão tinha acontecido por conta de uma renovação que acontecia ali no Sabugo, na casa de Juvenal Fogueteiro. Ele tinha soltado a dúzia de fogos para pagar uma promessa .
A partir daí, a dificuldade foi juntar os fujões. Nunca mais Matozinho teve a mesma população. Passados uns dez dias da ameaça de tragédia, chegou no Correio um telegrama de Sindé Bandalheira, postado no Japão:

“Informem se águas já baixaram PT
Arigatô!
Sindé”


11/02/11

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

O pilão lavrou


O velho Frazão,lá do Belmonte, observou espantado o pilão( o pluviômetro do matuto) transbordando no terreiro, de manhãzinha e concluiu: “ --A chuva foi de lascar, dessas de fazer Noé se benzer em cruz!” Sensação não muito diferente teve o seu Neco Moreno ali nas proximidades do Palmeiral, fitando o estrondo da água rio abaixo: --A chuva foi de fazer cururu gritar “Maria Valei-me!” em cabeça de estaca. O certo é que , sexta-feira passada, boa parte dos cratenses teve a clara certeza de que a Pedra da Batateira tinha, por fim, explodido. As ruas viraram córregos, as casas lagos, o comércio cratense passou a ser submarino. Até os defuntos, no cemitério local, despertaram do descanso eterno, e alguns saíram surfando no topo da onda. Enquanto isso, os cratenses meio abismados, computavam as perdas e os rastros da destruição. Enquanto alguns outros, insensíveis à tragédia, saqueavam casas e lojas com o mesmo apetite dos corvos e urubus.
O que havia despertado tanta fúria no sempre cordato e quietinho rio Grangeiro? Ele que, aparentemente, agüentara sempre resignado a invasão seguida das suas margens; a opressão do seu leito por canais ; a transformação das suas águas translúcidas num esgoto pútrido; o desmatamento criminoso da sua mata ciliar. O que havia despertado a fúria do gigante há tanto tempo adormecido?
Como dizia Brecht : “Criticamos a Violência do Rio e esquecemos a violência das margens que o oprimem”. Aos poucos, à medida que as águas foram baixando, a população começou a digerir a hecatombe. Alguns puseram a culpa em fenômenos naturais episódicos; outros no aquecimento global ; alguns viram até a mão de Deus amparando os cratenses em meio à enxurrada. Como se uma força superior, brincando de fazer tragediazinha, preparasse a calamidade e, depois, se pusesse a proteger os munícipes, meio arrependida. Esta semana, a prefeitura de Crato apresentou a primeira avaliação do prejuízo público, na brincadeirinha celeste, excluídas, claro, as enormes perdas particulares : quase 90 milhões. Quem paga o pato ?
Antes de quebrar os porquinhos e reiniciar a reconstrução é bom pensar nas causas da calamidade que era previsível e anunciada. Anos e anos de impermeabilização do solo por asfaltos, loteamentos sem autorização, desmatamento nas nascentes, ocupação desordenada nas encostas apenas montavam o cenário para a tragédia que seria encenada e mais : em muitos e muitos atos. O Canal do rio já se fazia uma agressão à natureza nos anos 50 quando não existiam bairros populosos como o Pimenta, o Sossego, o Grangeiro, o Lameiro. Desde então a cidade explodiu populacionalmente, na mesma velocidade com que destruía seus recursos naturais da encosta da serra em nome do progresso. Agora que pensamos em começar os reparos é preciso, mais que nunca, discutir amplamente com a população o problema, buscar embasamentos técnico e ambiental e mais: começar ,ainda que tardiamente, a tratar com mão de ferro os abusos e desvios. Simploriamente remendar os estragos feitos, sem mexer nas profundas estruturas que os causaram é como tentar fechar com areia a boca do vulcão em plena erupção.
O Rio Grangeiro , na sexta-feira passada, apenas executou uma promissória há muitos e muitos anos vencida. Existem ainda milhares outras esperando a oportunidade de cobrança, com juros e correção monetária. A violência das suas águas é bem menor que a violência reiterada a que vem se submetendo por muitos e muitos anos.


04/02/11