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Hospital São Francisco de Assis
quarta-feira, 31 de julho de 2013
José do Vale Feitosa fala sobre "A Delicada Trama do Labirinto"
Exibir detalhes
Vendemos nosso tempo através do trabalho, mas é preciso libertar o ser humano do comprador que lucra com isso.
“Na
democracia representativa, os meios de comunicação se constituem no
instrumento mais eficiente de influenciar políticas econômicas. Os
grandes grupos midiáticos sempre responderam às demandas dos grandes
anunciantes e grandes grupos econômicos, estabelecendo uma não isonomia
com outros setores.”
Jornalista Luis Nassif em seu blog
A
cortesia de José Flávio enviando-me um convite para o lançamento de seu
novo livro, aliada da divulgação nos blogs da região que leio com
frequência, me levam a comemorar esse lançamento. Mais um livro do Zé.
Comemorar, pois como é óbvio o livro acabou de ser lançado, e não tenho
muito o que dizer sobre ele quando ainda não o li. Mas como li na
resenha parece-me que alguns dos textos já me sejam conhecidos.
Mas
o essencial desta história é a independência e a expressão do
pensamento e da criatividade de Zé Flávio. Livre expressar e coragem de
se tornar público. E mais ainda. É a natureza da independência do
escritor. Ali tudo passa pelas lutas no limiar entre a dignidade e o
ganha pão a que todos se obrigam como parte da classe que ganha a vida
pelo seu trabalho.
Quando
leio Zé Flávio sei que aquele texto não está fisgado por nenhuma bula
de laboratório, apenas para lembrar a principal função econômica dele. O
que codifica em palavras é o Zé Flávio no mundo sem cargos
comissionados, sem arranjo eleitoral, sem acordos de conveniência,
embora tenha os acordos dos códigos das leis.
Por
isso os locais onde ele publica tão bem representa a beleza, a leveza e
fluidez das escritas do Zé. São blogs que não aderiram. E nunca
venderam sua alma à Prefeitura, ao Estado e nem à União. E olhe que
estamos tratando de um livro que pelo que li teve apoio público, mas não
sujeitou o escritor ao tacão da burocracia e dos chefes políticos.
Lembro
que alguns anos passados entrei num debate aí no Crato quando uma
pessoa muita ativa nos blogs da região resolveu vender seu talento, e
junto com ele seus instrumentos da internet à situação governista.
Levantei a lebre que não haveria mais liberdade e que os instrumentos
seriam paulatinamente objetos do “abraço de urso” do governo.
Enquanto
em me debatia com a pessoa sobre esse assunto, um terceiro emitiu uma
opinião que efetivamente me deixou desnorteado. Este terceiro é um
artista muito destacado no amplo meio de manifestações da imagem e
ponderou que as pessoas tinham o direito de ganhar sua vida com seu
talento e de acordo com a oferta que é tão cruel e exígua na nossa
cidade. Não falei mais no assunto e até senti-me envergonhado de viver
numa realidade em que a oferta é mais generosa.
Mas
agora ao acompanhar o sucesso do lançamento do Zé Flávio sinto que
minha vergonha não pode albergar a alegria que sinto em ter uma voz
autêntica e livre se manifestando na minha terra. E mais ainda: sinto a
alegria imensa de ver esta luz enquanto naquele caso, sinto a penumbra e
o dissabor de ter visto um talento daquela ordem ser triturado pelas
circunstâncias e por um governo tão menor do que era o seu contratado.
Hoje
é domingo. Aqui no Rio foi uma semana inteira de Papa e Frio. Da minha
janela vi quase todos os dias a imagem ao vivo do helicóptero da FAB que
a televisão mostrava, uma vez que moro encostado ao morro do Sumaré. E
lá no alto aquela nave, pequena na distância, mas de grande porte,
passava indo para a praia de Copacabana, assim como daqui vi a nave da
voz do Cariri livre e solta a manter vida e esperança no futuro.
quinta-feira, 18 de julho de 2013
Ariado
J. Flávio Vieira
Cada retorno
de Zé , assim, inundava a vila de alegria, comemorava-se o feito de um herói,
como se ele houvesse escalado o Everest ou pisado pela primeira vez no Pólo Sul,
como Amundsen. Por outro lado, Felipe vinha também como um Marco Pólo, trazendo
notícias e histórias de terras distantes e quinquilharias para vender ao povo
de Matozinho: últimas novidades da civilização.
Quando o velho caminhão Mercedes apontava na descida da Serra da Jurumenha, a
vilazinha exultava. Junto de Zé , seu eterno ajudante : Tico Biroba. Eles faziam
uma dupla perfeita: D. Quixote e Sancho Pança da Caatinga. As histórias de
Felipe ainda hoje inundam o imaginário de Matozinho, tantos anos depois, pelo
inusitado, pelo humorístico, pelo doce tom de irreverência.
Cada
curva da estrada escondia perigos insondáveis. Felipe computava inúmeros
acidentes na profissão. O maior deles , no início dos anos cinqüenta, uma
capotagem terrível nas montanhas das Minas Gerais, quase dá cabo dele e de
Biroba. Escaparam, mas o caminhão
destruiu-se, em tempos em que seguro de carro inexistia. Zé ficou com uma mão no cano e
outra no feixe, triste e desiludido pelos cantos. Escreveu então a Getúlio
Vargas, então presidente, contando o infortúnio por que passava, agora,
inclusive, sem mais ter como sustentar a família. Dias depois recebeu, por
incrível que possa parecer, uma resposta do Catete. O presidente lhe ofertava
um outro caminhão para que continuasse a vida nômade. Felipe recebeu-o no Rio
de Janeiro e escreveu no pára-choque uma
frase que demonstrava toda sua gratidão
: “Esse foi Getúlio quem deu !”
Varando
as tortuosas estradas do Brasil, por
tantos e tantos anos, Felipe conhecia cada buraco. Familiarizara-se com
mecânicos, borracheiros, bodegueiros, motoristas por tudo quanto é de biboca
desse país. Bom papo, cheio de presepadas, conheciam-no nos lugares mais ermos,
como se fora uma reencarnação de Pedro Malasartes. Suas peripécias corriam de língua em língua e
até foram , um dia, imortalizadas em um cordel atribuído ao poeta Pedro Pito. Foi do cordel esgotado de
Pito que arrancamos algumas dessas histórias que deixamos registradas aqui, na esperança
que este texto tenha mais durabilidade que as páginas já puídas do nosso poeta
maior.
Numa
das suas raras permanências em Matozinho, Felipe encontrou, um dia, na feira,
com Mané Mago, um varapau que morava nas terras do Cel Anfrízio, homem sério
como fundo de touro e de pouca conversa. Mané passara uma época em São Paulo e,
não encontrando o El Dorado, retornara a sua vila, com o rabinho entre as
pernas. Trouxera, junto com ele, aquela indumentária própria para o inverno paulista
e não a dispensava , mesmo no sol mais escaldante de outubro. O adereço mais
chamativo era um chapelão enorme que mais parecia uma sombrinha. Foi com essa
arrumação que Zé Felipe deu com ele, no pino do meio dia, na feira.
Cumprimentou-o, cordialmente, mas não perdoou :
---
Zé, meu amigo ! Onde é que você vai montar esse carrossel ?
Zé,
enfezado, saltou com quatro pedras na mão :
---
No cu da mãe, Felipe ! No cu da mãe !
Felipe
não se enrolou :
---
Bacana, Mané ! Só assim eu rodo de graça !
Em
uma das suas incontáveis viagens, no inverno, o caminhão atolou feio lá pras bandas da
Paraíba. Alguns lavradores ,que limpavam
uma roça próxima, reconheceram o motorista e vieram ajudá-lo. Calça daqui, cava
dali, empurra dacolá , depois de umas duas horas, conseguiram, por fim,
desatolar o veículo. Estavam todos exaustos e calabreados como se trabalhassem
em Serra Pelada. Os lavradores eram todos de uma mesma família, residente ali
próximo. Todos atarracados e com uma característica interessante, pescoço
curtíssimo, como se a cabeça saísse diretamente dos ombros. Já no carro e
acelerando, Zé perguntou-lhes quanto devia. Eles, solícitos, disseram que não
era nada, enquanto já retornavam meladíssimos ao trabalho da roça. Saindo, Zé
Felipe gritou :
---
Obrigado, amigos ! Quando eu voltar de Campina Grande vou trazer um par de
pescoço pra cada um de vocês !
Teve
que acelerar rápido, pois o palavrão e a pedrada comeram no centro !
De
uma outra feita, no interior da Bahia, próximo a Jequié, em plena zona rural,
algumas pessoas atravessaram na estrada , pedindo socorro. Zé Felipe freou. Uma
mulher contou então que o pai estava muito doente e pedia ajuda para levá-lo,
no caminhão improvisado de ambulância, até a cidade. O motorista mostrou-se solícito, mas pediu
para examinar primeiro o paciente, pois se dizia experiente, já fora
meizinheiro na feira de Matozinho e, quem sabe, poderia ajudar. Levaram-no até
uma casinha de taipa e lá, em um dos quartos, encontrava-se um senhor gordo, com uma barriga enorme e feio como o
diabo com convulsão. Disse que estava sem desistir há mais de uma semana e não
soltava um vento nem pelo amor de Deus. Zé o examinou, rapidamente e selou o
diagnóstico :
---
Minha senhora, não é nada demais! É só um peido ariado. O cabra é feio demais e
o peido fica zanzando pra cima e pra baixo : não sabe se o cu é em cima ou embaixo !
Já
velho, Zé Felipe, ainda em atividade, caiu doente. Pressentiu que a velha da
foiçona arrodeava sua casa. Chamou Tico Biroba, o companheiro de toda uma vida
e pediu-lhe que passasse com o velho Mercedes diante da sua casa e desse um
apitão daqueles de ecoar na pradaria. Biroba, com os olhos lacrimejando,
realizou o desejo do chefe e foi montado naquela buzina que Zé Felipe empreendeu sua última viagem ,
desta vez por uma estrada escura e totalmente desconhecida.
18/07/13
sexta-feira, 5 de julho de 2013
Mènage à trois
J. Flávio Vieira
Os
nome e sobrenome não eram, definitivamente, próprios para Matozinho. Talvez,
por isso mesmo, D. Lilibeth Safra
Vanderbilt jamais conseguiu se adaptar àqueles cafundós do Judas. Despencando para os setenta e lá vai porrada, viúva, esticada e reesticada por várias plásticas,
ela morava na vila há mais de dez anos. Vivia reclusa, não participava da vida
social da cidade, não falava com quem quer que fosse, com exceção, claro, de
Felismina – sua empregada de muitos e muitos anos – por inteira falta de opção, a quem tratava , mesmo assim, como se a Lei Áurea nunca tivesse sido
promulgada. Matozinho, por outro lado, não gostava nem um pouco de D. Lili -- como a chamavam, às escondidas, quebrando
o ritual de nobreza, denominação
contrária totalmente à vontade da dona. A senhora contemplava a todos do andar
de cima, com desdém e um certo nojo mal contido. O povo, entre dentes,
vingava-se daquela importância . Mulher nobre daquele jeito era para morar num
castelo no Vale do Loire e não em Matozinho! E, de língua em língua, pinicavam o oratório
dela, trazendo a versão oficiosa das outras cores menos brilhantes e mais
esmaecidas que se escondiam por baixo de
tanto sangue azul.
D.
Lili era filha do velho Pedro Cangati, um dos líderes políticos mais influentes
da cidade, nos anos 30 e 40. Nascera, na verdade, Setembrina
do Espírito Santo Cangati --- parecia nome feio, palavrão para se imprecar
em desafetos, mas aquilo, por mais incrível que possa parecer, era nome de gente
, sim senhor ! O Setembrina herdara de
uma avó materna e o Cangati do pai, o Espírito Santo certamente compunha o nome
na intenção de proteger o dono daquele aleijo ortográfico. Ainda mocinha,
Setembrina , carregando o nome ou o karma, partiu para o Rio de Janeiro, onde
estudou e renegou seguidamente suas origens plebéias. Andou viajando pela
Europa e, depois, mesmo voltando ao Brasil, se radicou oficialmente no
continente europeu. Para tanto, claro, precisou trocar, rapidamente , o nome
brega e, através da força política do pai, um novo Registro Civil foi lavrado em
Matozinho, pelo notário Zé Filgueiras. Lá, constava o local de nascimento: Salzburg na Áustria e o nome pomposo Lilibeth
Safra Valderbilt, filha adotiva do Sr. Pedro Cangati. D. Lili , por muitos
anos, permaneceu no Rio, nem se dignava dar as caras em Matozinho. Só falar
naquela cidadezinha lhe dava engulhos, se fazia de mal entendida e negava mais
que Pedro antes do canto do galo. Morava em um apartamento comprado pelo pai na
Avenida Nossa Senhora de Copacabana, onde se metia em festas grã-finas e posava
de bacana. Tudo ia às mil maravilhas com ela e seu ciclo de amizades, até que o
curso normal das coisas deu um cavalo-de-pau.
Um
belo dia, o velho Pedro Cangati fez a
viagem derradeira. A mãe de Lilibeth já havia seguido na frente alguns anos
atrás. Aberto o inventário, viu-se que as enormes posses do chefe político se
diluíam entre os doze filhos legítimos e mais de trinta espúrios que Cangati deixara espalhados na região.
Lilibeth, já balzaquiana, caiu do andor. Vivera até então às custas do pai e da
cagação de goma. Não possuía emprego
qualquer, acostumara-se ao subsídio. Percebendo que sua dinastia estava
ameaçada e que até o apartamento do Rio teria que ser vendido para o rateio, Lilibeth
desesperada, encontrou a única saída possível. Botou-se para cima de um primo,
Ludovico Cangati, vereador em Matozinho e dono de muitas terras por lá. Ludovico
era solteirão, comentava-se, à boca miúda, que ele vazava corrente , que já
vivia maritalmente com o capataz da sua
Fazenda Unha-de-Gato, mas D. Lili não viu escapatória. Casou com Ludovico ( que
pôs uma nuvem de fumaça no falatório sobre sua sexualidade), salvou ela a reputação, mas, com um grave efeito colateral : teve que se
mudar para Matozinho. Aliás, em parte : seu corpo estava ali na vila, mas a
alma ainda perambulava pelo Sena e pelo Calçadão de Copacabana. A convivência
com o esposo, não pareceu difícil. Ela fechava os olhos para as preferências de
Ludovico, até mesmo porque, pelo que se sabia das suas perambulações cariocas,
ela apreciava mocinhas e nunca fora muito “fanática por rola”.
Assim,
parecia mais que justificável a reclusão de D. Lili. Primeiro, não queria se
misturar com aquela gentalha, aquela récua de pé-rapados que vivia naquele oco
do mundo. Depois, queria fugir de insinuações quanto às preferências esdrúxulas
dela e do marido. No mais, era um oceano de preconceitos: tinha náuseas diante
de negros, de pobres , e, principalmente, de nordestinos, judeus e homossexuais. Periodicamente, partia para o
seu querido Rio e lá fazia suas compras e degustava suas menininhas. Roupas,
sapatos, perfumes finos atulhavam as malas na volta. Usava-os em casa, pois não
saía para nenhum lugar daquelas brenhas imundas. Mandara construir uma capela
em casa e pagava ao Padre Arcelino para celebrar, todo mês, uma missa para ela
e Ludovico . A Felismina era permitido assistir ao culto do lado de fora.
Desconfiava-se
que D. Lili, apesar da nobreza, não perdera , de todo, o gosto por algumas
iguarias locais. Muitas vezes, a força
dos Cangatis lhe batia forte. Mas não
dava o braço a torcer. Pedia a Felismina, sorrateiramente, para comprar, às
escondidas, o pé-de-moleque de Toinha Socó, a Buchada de Cida , a lingüiça de
Mundica de Bertioga, o quebra-queixo de Zuzu Jurumenha. Ia a funcionária, no
entanto, com ordem expressa de dizer que era para ela mesma, que, afinal, uma
locomotiva chique, não come comida digna de ser oferecida aos porcos, né ? O que diria Glória Kalil ?
Beirando
oitenta, D. Lili caiu doente. Ludovico a levou ao Rio. Diagnosticaram uma
doença grave. Ela, no entanto, voltou feliz, encantada com o nome pomposo da
moléstia: Esclerose Amiotrófica Lateral. Aquilo, sim, era nome digno de constar
num atestado de óbito ! O certo é que a
saúde de Lilibeth degringolou rapidamente. Numa das revisões, faleceu no Rio de
Janeiro, para sua alegria. Ludovico a sepultou por lá, seguindo a vontade da
mulher :
---
No São João Batista, viu Ludovico? Não esqueça !
Uns
dois anos depois, o esposo resolveu fazer o traslado dos restos mortais para
Matozinho. Estava ficando velho e a distância o impedia de visitá-la
regularmente. Lili deve ter se revirado no túmulo, como ventilador. No novo
sepultamento, no Cemitério Nossa Senhora da Alegria, os coveiros ficaram
surpresos. As roupas da locomotiva estavam puídas, os ossos pareciam negros(
que castigo!) e o perfume que rescendia dos restos mortais não eram do Chanel
Número 1 ! Lilibeth não deve ter apreciado
muito a homenagem que a Câmara de Vereadores lhe presenteou. Uma rua
periférica com o nome em letras graúdas: “Setembrina do Espírito Santo Cangati”
e, logo abaixo, entre parêntesis, em caixa miudinha : “D. Lili”. O pior é que a
ruazinha desembocava no lixão da cidade.
Ao
menos o jazigo que Ludovico mandara erguer mostrava-se digno da importância da
moradora. Todo de mármore, monumental, com anjos dependurados nas beiradas e ,
finalmente, o Lilibeth Safra Vanderbilt ( 1936-2012) , em alta relevo e, abaixo,
o latinório : “Resquiat in
Peace”. Semana passada, no entanto, Ludovico visitando o cemitério deu com uma
cena inusitada. Em cima do túmulo uma cadela vira-lata no cio, sendo coberta por dois cães pé-duros.
Saiu correndo, imaginando a profanação do jazigo de Lili, uma pessoa tão fina e
elegante , presenciando aquela afronta logo acima dela. Mas que putaria !
Procurou o coveiro e pediu providências imediatas. Inconscientemente, minorou a
agressão que estava acontecendo, utilizando a técnica Safra-Vanderbilt de
converter o brega em chique:
---
Por favor, seu coveiro, acuda, ali ! Tem dois Dobbermans fazendo Mènage à Trois
com uma Poodle, no túmulo de Lili !
05/07/13
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