sexta-feira, 23 de agosto de 2019

Ombro, Arma !


O cabo Ambrósio Penalva  transpôs toda sua carreira militar sem gastar muita pólvora e espoleta. Sentou praça na capital, logo no pós guerra. Rapazola deslumbrado, pensou em um dia ganhar os campos de batalha e exterminar os inimigos da pátria amada, imantando-se nos botões do fardão  de Mascarenhas de Morais. Sonhou muitas vezes imortalizado numa estátua de bronze:
“Em memória ao Capitão Ambrósio Penalva, herói da pátria, bravo vencedor da Batalha de Piritoró ( 1968) !”
 A fantasia ambrosiana, no entanto, bateu catolé. Depois das duas grandes guerras, o mundo no rescaldo, deixou de se meter em embirras e  arranca-rabos desnecessários e mortais  e a paz , encabeçada pela turma do deixa-disso e aquieta-arreda         , botou novamente as fuças de fora. Para um cabra metido a valentão, com sangue pingando pelos cantos dos olhos, aquela calmaria não deixou de trazer uma certa capionguice ao nosso milico.

O certo é que, na caserna, Ambrósio teve que se conformar  batendo ponto, dando continência e ouvindo ordens do dia. Só nas paradas do  7 de Setembro desfilava  em passo de ganso, de peito estufado como quem tivesse dado pesqueiro nuns três ou quatro alemães da Gestapo ou carreira em japa metido a Bruce Lee. Os tempos foram passando, entre um e outro toque de alvorada. Ambrósio casou com D. Calciterina, filha de um coronel do mesmo destacamento, mulher rígida, organizada: tomava conta da casa,  como se se tratasse de um quartel sob sua jurisdição. Aos poucos,  saltaram as três filhas do ventre de Calciterina e, com seu exército particular e tantas responsabilidades hierárquicas sobre os ombros, o cabo já não se preocupou mais em enfrentar valentões em outros campos de batalhas. Tenho um general e três almirantes dentro de casa! -- costumava dizer. Podia ter progredido um pouco mais na carreira militar , quem sabe ostentando as divisas de um oficial superior como a sonhada patente de capitão, mas , meio tardo , de temperamento mais recatado, e pouco bajulatório, acabou empererecado no meio do caminho. Um dia, de fuzil enferrujado e mira gasta, viu-se reformado. Não subira muito na aguerrida profissão, mas , também, não precisara gastar o indicador no gatilho do fuzil , suar a farda cavando trincheiras , nem enfincar baioneta em fato de alemão.
                             Pendurada a cartucheira, resolveu voltar com a família para Matozinho. Aquela natural tendência da ave de arribação de voltar ao ninho.  Pesou na decisão, também,  o custo de vida  mais em conta para seu solto de oficial subalterno e, depois,  e  talvez lá pudesse ostentar a maior patente existente na vila.Com tantos soldados rasos ,  um cabo ali seria uma espécie de marechal.
                            Aos poucos as meninas foram casando, tomando rumos próprios e ficaram apenas Calciterina e Ambrósio dividindo as lembranças e aguardando a chegada inexorável do apagador no quadro negro do tempo. Um belo dia, no entanto, Calciterina convocou as filhas para uma reunião extraordinária, sem a presença do cabo. Explicou-as, então, do alto da sua experiência de gestora doméstica, que havia alguma coisa errada acontecendo. Segundo ela, o soldo de aposentado de Ambrósio não era essas coisas, mas sempre fora suficiente para sobreviverem sem aperreio, ainda mais agora que só restavam marido e mulher no mesmo teto. De uns seis meses para cá, ela notara que a feira já não era suficiente para cobrir todo o mês e tinham que fazer compras adicionais em bodegas, com vales a serem descontados no mês posterior. Como uma fiscal atilada  da Receita, ela vaticinou:
                   -- Podem ir atrás ! Tem alguma coisa errada! Tem caroço nesse angu ! Tô ficando é velha, não é maluca não!
                   As meninas pensaram que aquilo devia ser alguma infuca  da mãe, alguma ciumeira outonal.   Mesmo assim combinaram para, no outro dia, seguirem Ambrósio na sua saída oficial pela manhã para a praça de Matozinho, onde se abastecia das últimas fofocas da vila e aproveitava para contar algumas vantagens, estabelecendo um necessário  contraditório ao caga-gomismo dos outros aposentados. Esconderam-se nas proximidades e seguiram, de longe, um Ambrósio que fazia o mesmo percurso histórico há tantos e tantos anos. Tudo transcorria na mais perfeita normalidade, só que , uns dois quarteirões antes da pracinha, o cabo deu uma inesperada quebra de asa numa das ruas laterais. As filhas, como cães perdigueiros, seguiram o novo percurso que, para surpresa delas, terminava numa casa pouco ou bem afamada na Rua do Caneco Amassado, o baixo meretrício de Matozinho. As meninas aguardaram um pouco e, depois, passaram defronte da buate, quando puderam observar um Ambrósio loquaz, aboletado numa preguiçosa, em plena batalha, com uma jovem buliçosa sentada em cada um dos joelhos. Estupefatas, entenderam tudo e voltaram para casa com aquele humor de menino em fila de vacinação.
                            À noite, resolveram pegar Ambrósio em emboscada. Pediram a Calciterina para ficar no quarto e sitiaram o militar na sala de jantar, mal tinha acabado a ceia.  Augusta, a mais calma e de voz mais pausada, fez-se a porta-voz.
                            --- Papai, a gente tem uma coisa pra falar com o senhor! Mamãe reclamou que estava faltando dinheiro em casa e que a feira que o senhor vinha fazendo, ultimamente, acabava na metade do mês. Achamos estranho  e seguimos o senhor hoje de manhã. Estamos decepcionadas ! Como é que pode, meu Deus! Um homem da sua idade ! Quem poderia imaginar ! Arrodeado de catrevagens! Duas cutruvias no colo, num cabaré desqualificado ! Um velho de quase oitenta anos ! Como é que pode ? O senhor papai, já tá brocha, mamãe falou, papa de angu... que diabo anda fazendo com rapariga ? Quem não pode com o pote, não pega na rodilha !
                            Ambrósio mostrou-se um pouco surpreso ao ser pego no contrapé, mas rápido refez a cara de espanto e encontrou razões militares típicas de “A Arte da Guerra” para explicar o acontecido:
                            --- Isso é no que dá vocês ficarem bisbilhotando a vida dos outros por aí! Vão cuidar dos maridos de vocês !  O que eu estava fazendo, suas doidas, era uma ação militar! Pelejei para subir de patente e nunca consegui, ali tomei lições e  encontrei a resposta de tudo !
                            Sulamita, a filha mais exaltada, que até então se controlava, pulou de lá como  um guaiamum acossado:
                            --- Militar, militar ? Que diabo tem a ver chatô com quartel, papai ? Não se faça de leso , não !
                            Ambrósio, então explicou as altas estratégias bélicas que aprendera com as meninas de “O Sorriso da Madrugada” :
                            --- Passei a vida toda pelejando, querendo chegar a major e não consegui. Pois as meninas,  vocês precisam ver, elas pegam o cabo, mexem daqui, remexem dali  e, num minutinho, fazem capitão ! 

22/08/19

sexta-feira, 16 de agosto de 2019

Woodstock - Cinquenta anos depois


Passaram-se cinquenta anos ! Entre os dias 15 e 17 de agosto daquele ano lendário de 1969, aconteceu um dos mais icônicos festivais de música da história: Woodstock. Em Bethel, nos arredores de Nova York, numa fazendola, o produtor Michael Lang organizou aquilo que imaginava ser uma pequena mostra da música do leste americano. De repente, mais de quinhentas mil pessoas se amontoaram na fazenda, todos jovens, na sua maioria entre 20 e 30 anos, acampados, amontoados em espaços exíguos e sem infraestrutura, sob a inclemência do  frio, da lama e da chuva. Moradores das cercanias, de início meio atarantados com a multidão, terminaram por se achegarem, providenciando uma ajuda providencial aos que chegavam aos borbotões, respondendo a um chamado quase que profético,  como se ali estivessem  em romaria.  Viviam-se os gloriosos anos sessenta, onde já tinha eclodido  o maio de 1968 em Paris, onde um fortíssimo movimento de contracultura explodia por todos os cantos e poros do mundo, pregando a paz e a liberdade, posicionando-se , veementemente, contra a Guerra do Vietnã, contra os liames da sociedade de consumo que já se prenunciava, contra a medicalização excessiva imposta pela indústria farmacêutica, posicionando-se frontalmente contra o cerceamento da liberdade sexual e da ilicitude do convívio com as drogas e contra a robotização impelida pelas grandes religiões. Hippies circulavam pelas cidades, com seus cabelos e barbas longos, num novo ciclo do Cinismo grego, demonstrando que era preciso erguer as pilastras da civilização em terreno mais harmônico, mais natureba e mais simples. Casais perambulavam nus ,  faziam amor sem complicações pelos cantos da fazenda, sem grilos, sem exigências maiores, sem necessidade de contratos cartoriais, viajando psicodelicamente na música de Joe Cocker, Joan Baez, Santana, Jimi Hendrix, Jannis Joplin, dos irmãos Gershwin , de  Ravi Shankar, Clearence Clearwater, The Who e muitas outras bandas e artistas inesquecíveis.
                                   Escorrido meio século , grão a grão, pela ampulheta do tempo, onde está aquela geração que queria mudar os rumos nada glamorosos do mundo e em que ponto se encontra a civilização sempre tão impermeável às metamorfoses ?  O que foi feito do sonho ? The dream is over ? O pragmatismo, aos poucos, pode ter vencido o ideário hippie , o sonho contracultural dos anos 60, mas  permanece vivo no nosso imaginário as possibilidades poéticas de Woodstock.
                                   As gerações que se seguiram perderam , em muito, o ímpeto, o impulso revolucionário de construir seu próprio futuro; de moldar um mundo novo sem as deformidades visíveis daquele construído por seus pais e avós. As novas gerações resignam-se em receber um pacote pronto, um kit posto em suas mãos pelos seus ascendentes, um bolo  feito pelo confeiteiro , com receita dele , sem que tenham podido escolher os sabores e ingredientes.  A história, o script das suas vidas lhes é entregue como uma predestinação. Há um caminho previamente traçado que levará ao paraíso individual, a felicidade será mais felicidade se for curtida com exclusividade. Os hippies que eram taxados de loucos hoje devem ficar confusos ao observar as neuras, os pinéus, os suicídios e as depressões dos seus filhos e netos.  
                                        Nick e Bobbi Ercoline eram um jovem casal acampado durante o Festival de Woodstock, em Bethel, há 50 anos.  O  fotógrafo Burk Uzzle os flagrou juntos,  na manhã de domingo, enquanto estavam abraçados e enrolados em um edredom, em meio a milhares de pessoas também acampadas.  Eles, involuntariamente,   tornaram-se uma parte da história da cultura pop quando,  meses depois, aquela imagem seria estampada na capa do álbum triplo com 21 faixas gravadas durante o evento. Nick e Bobbi ainda hoje estão juntos. São testemunhas de um tempo único, quando a juventude ainda carregava consigo a capacidade de sonhar, de usar a história não como um rochedo, mas como uma massa de moldar, de construir seus próprios castelos de areia que, quem sabe, poderiam ter a perenidade que eles terminaram por imprimir na sua própria relação. O mundo ficou mais previsível, mais chato e menos poético depois de Woodstock.

Crato, 16/08/19


sexta-feira, 9 de agosto de 2019

Pouso de Emergência



                                               As perguntas saíram  de chofre, uma após a outra, com uma urgência urgentíssima, igualzinho uma chamada feita para o SAMU.
                                   --- Valfrido, você é meu amigo ?
                                   Mal o rapaz confirmou, seguiu-se uma outra interrogação, atropelando a primeira:
                                   --- Então, você jura que sustenta , como verdadeiro, tudo que eu disser ? Sustenta ? Sustenta ?
                                   Valfrido , disse que sim, claro, sem nem ter tempo de inquerir sobre a razão daquela série de súbitas indagações. Sentados na mesa de um bar de periferia, com a turminha de habitués, como acontecia quase a todo final de tarde, Aragão tinha a cadeira virada para a rua que se separava do bar por uma ampla vidraça.  O vidro acompanhava, em L, todo o ambiente. Virado para o inquiridor, de costas para o movimento da praça que se espreguiçava do outro lado da lâmina vítrea, Valfrido notou, tão-somente, um certo ar de susto, uma palidez momentânea e os olhos meio esbugalhados do companheiro,  como se acabasse de ver o Babau ou o Jaraguá em alguma encruzilhada.  Os quatro outros colegas, que compunham a mesa, sequer inferiram qualquer ar maior de anormalidade, mesmo porque ali estavam protegidos do bulício da rua e da corrida desenfreada dos carros e das pessoas do outro lado da vidraça do “Bar do Entroncamento”. Açodavam-se, de um lado para outro, buscando ganhar a vida, como diziam, enquanto a iam dissipando, pouco a pouco, no azáfama da busca.

                                    Na mesa, sentados, estavam Aragão e seus comparsas, todos já fora de competição: barnabés federais aposentados  do antigo INAMPS. Diziam que, como bons funcionários públicos, não haviam se desgastado muito: uma gota de suor de qualquer um deles curava câncer e até doenças priônicas.  Estavam ali quase todo final de tarde para rememorar os velhos tempos, com a sensação de que não existia futuro à frente, apenas um passado que precisava ser exumado frequentemente, para terem a certeza de que ainda estavam vivos. A única exceção à regra era Valfrido, o parceiro a quem Aragão se dirigira, misteriosamente, solicitando apoio incondicional. Ainda na ativa, gerente de um banco privado, ele se juntara à turma naqueles encontros de fim de expediente,  por mera afinidade,  como amante também do arremesso de conversa mole , do levantamento de copo  e da degustação de tira-gostos.
                                   Após a sequência  de inquirições , à queima roupa, como o disparo de uma arma automática, dois amigos  camaradas de Aragão que se encontravam, ao lado dele , na mesa, também vis-a-vis  à vidraça, perceberam um movimento  exacerbado e anormal na rua,  logo defronte ao bar. Só então, aos poucos, começaram a matar a charada. Duas mulheres se engalfinhavam dentro de um carro estacionado, trocavam tapas e unhadas como tigresas. Passados alguns minutos conseguiram identificar as combatentes e entender o prenúncio do Tsunami.
                                   Aragão havia estacionado seu indefectível   Opala Diplomata 98 , a quem tratava como uma relíquia, uma espécie de Santo Graal do automobilismo, diante do bar. Deixara lá dentro, no aguardo, com a paciência toda desse mundo, uma amásia  de que todos tinham ciência, há mais de dez anos: Damares.   D. Argemira, a esposa oficial de Aragão, já tinha ouvido um zum-zum-zum reiterado dos salta-cercas do marido. Abrira inquérito, fizera perquirições, tentara arrolar testemunhas, mas nunca conseguiu as provas que o incriminassem, definitivamente. Pensou até em procurar um arremedo de juiz de Curitiba, expert em condenar pessoas sem provas. De qualquer maneira, Aragão vivia há muito tempo pisando em ovos, sob eterna vigilância da perdigueira de casa e das fofoqueiras de plantão.
                                    Pois naquele dia, azar dos azares, o satanás atentou e fez com que Argemira saísse de casa, em busca de uma farmácia para comprar a medicação do pai.  Resolve passar , com seu sexto sentido córnico,  justo pela Praça do Entroncamento, dando de cara com o Opala famoso do marido  e D. Dadá toda aboletada lá dentro, esperando o amante. Estacionou, partiu para cima e passou, sem maiores perguntas, a agredir desesperadamente a pobre da Damares. Foi esta cena tenebrosa que Aragão observou através da vidraça e que o fez proferir as perguntas em cascata ao amigo Valfrido , só depois chegando ao conhecimento dos companheiros de bebedeira que observavam, também, o  rebuliço da rua.
                                   O desdobrar da cena foi previsível até certo ponto. Dadá , cheia de sopapos, correu e escapou como um bólido pelas ruas mais próximas. Parecia  um gato siamês que encontra  mastim napolitano. Terminada a perseguição, Argemira invade o bar, valente como uma jararaca na TPM. Dirige-se à mesa sacrossanta de Aragão e seus amigos, e, aos berros, passa-lhe uma descasca, uma catilinária cheia de impropérios e nomes cabeludos: Safado, sacana, nojento, filho dessa , filho daquela...
                                   Sentados, os amigos temerosos, pareciam , aflitos, como se estivessem num avião,   em meio à turbulência já em posição de pouso de emergência. Por incrível que possa parecer,  apenas Aragão parecia sereno e tranquilo em meio aos insultos e  às invectivas furibundas da patroa. Mantinha até um certo ar de revolta , como se estivesse sendo injustiçado, sofrendo , publicamente,  um esculacho totalmente vil e imerecido. Não havendo o estabelecimento do contraditório, por parte do acusado, depois de uns quinze minutos, Argemira irada, dissolveu-se num choro convulso. Aragão cabeça baixa, pronunciou, então, suas primeiras palavras:
                                   --- Estou decepcionado com você, Argemira ! Nunca imaginei que seria capaz de uma loucura dessas! Vive-se trinta anos com uma pessoa ! Já vi ! Não se conhece ninguém nesse mundo !
                                   Argemira, ante uma defesa tão vagabunda, recobrou a ira, engoliu o choro e partiu pra cima:
                                   --- Decepcionado ? Decepcionado, seu malaca ? Como você explica tá carregando aquela quenga no seu carro ?
                                   Aragão, então, desapontado, explicou o tamanho da tragédia:
                                   --- Sua louca, eu tinha vendido meu carro hoje pela manhã ao Valfrido. Vim pra cá de táxi. Aquela mulher que você agrediu violentamente no carro era a esposa dele. Que vergonha, meu Deus ! Nunca imaginei, na minha vida, passar por uma situação vexaminosa dessas !
                                   Argemira, não acreditou naquela versão que lhe pareceu fantasiosa. Mesmo assim, virou-se para Valfrido e perguntou-lhe se aquilo era verdade. O amigo tinha-se comprometido com Aragão e, olhos lacrimejantes,  não titubeou:
                                   --- Comprei o carro, sim, D. Argemira ! Aquela que estava lá dentro era Miosótis, minha esposa ! Nem sei onde ela estará agora que saiu desesperada correndo e apanhada !
                                   Argemira, diante da resposta, empalideceu. Ajoelhou-se nos pés de Valfrido e lhe pediu perdão. O homem, com cara de desapontamento, respondeu-lhe que por ele, tudo bem, mas se bem conhecia Miosótis, achava que nunca mais na vida era iria querer topar com ela. Tinha sido muito humilhante aquela cena.
                                   Aragão tomou a mulher pelo braço, com cara de raiva, pediu desculpa à turma e  saíram do bar em busca de um táxi. Já na calçada, pediu que esperasse um pouco, pois ia, novamente, se desculpar com o amigo. Aproximou-se e sorrateiramente colocou a chave do Opala 98 em cima da mesa e lhe sussurrou:
                                   --- Valfrido, vende o carro por aí ! Te vira ! Depois a gente se acerta !

Crato, 09/08/19