sexta-feira, 13 de junho de 2025

Tigrões e Tchutchucas

 


Aconteceu, nesta semana, uma das cenas mais pedagógicas sobre o Estado Democrático de Direito, quando do início do julgamento do núcleo Central da Tentativa de golpe de Estado de 2022, perpetrada por Jair Bolsonaro e sua trupe de brucutus.  Diante da PGR  e da turma do STF estiveram depondo , entre outros, o ex-presidente, os Generais Augusto Heleno, Braga Neto, Almir  Garnier, o Tenente Coronel Mauro Cid, Alexandre Ramagem da ABIN, Anderson Torres ( ex-Ministro da Justiça) e o ex-ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira. Todos têm provas irrefutáveis de uma armação com fins de impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, o estabelecimento de um regime de exceção e a execução sumária do presidente, de Alkmin e do Ministro Alexandre de Morais. Fechado o Congresso, deposto o STF,  viria aquele filme de terror a que todos já assistimos: perseguições, torturas, censura ampla, desaparecimentos e mortes. E -- como é frágil nossa Democracia !—o pior não aconteceu por meros detalhes. Os Chefes do Exército e da Aeronáutica se negaram a entrar no barco furado. O planejamento de tudo parece ter sido feito pelas Organizações Tabajara. Tudo organizado no aparelho do estado e pagos como marajás com dinheiro público.  Deixaram farto material os incriminando, talvez porque, tivessem a plena certeza de que tudo daria certo.  

                   Um a um ali se posicionaram os réus, tratados com cordialidade , com advogados renomados os defendendo, com testemunhas de defesa de alta patente, com direito a piadinhas e risos e incríveis pedidos de desculpa. Aí , Xandão ! Foi mal, velho !  Algo como:  Disse que o STF é corrupto, recebe propina, mas foi só exaltação do momento, taokei ! Coisa para animar as Redes Sociais ! Perdoe aí, dei os cinco tiros no senhor, mas não foi por querer não, estava meio nervoso !

                   Todos eles têm na sua cabeceira, com certeza, o retrato do Gal. Brilhante Ustra. Aquele que esfolava, matava, provocava estupros e abortos de militantes grávidas, arrancava unhas, dava choques elétricos em órgãos genitais e matava pelo simples prazer de matar. Numa ditadura , como a que se sonhou, não havia julgamento, juízes, advogados, testemunhas. Todos estariam no pau de arara, nos DOI-CODES, desaparecidos,  sujeitos à sanha dos facínoras. Por isso talvez, eles rissem e se divertissem no julgamento, com certeza da impunidade, afinal, comparado ao que seus adversários passaram na Ditadura Militar, aquilo era um piquenique. Serão condenados, com penas vultosas, mas quanto da pena pagarão de forma fechada? Os que não fugirem a tempo, adoecerão rapidamente e pedirão prisão domiciliar. Tadinhos !

                   O Brasil tem a oportunidade, quase que única, de pôr a questão a limpo. Nunca presenciamos um julgamento de militares graúdos e políticos de alta patente por um crime hediondo como Tentativa de Golpe. Este é o momento de cortar a cana sem deixar a soca. Eles diziam que bandido bom é bandido morto. Não precisamos de tanto. Que o bom bandido seja aquele que pague a pena justa pela atrocidade de perpetrou. A pena será terapêutica mas, mais que tudo, profundamente profilática.

 

Crato, 13/06/25


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