sexta-feira, 29 de julho de 2016

O Cardápio e a Indigestão

                               
J. Flávio Vieira

                               A coisa parece andar ainda em banho-maria, mas o certo é que há já visíveis sinais dos sorrisos abertos, da solidariedade à flor da pele, da exacerbada sensibilidade social  e das tapinhas nas costas: estamos mergulhados, novamente, em clima eleitoral. Forças políticas se organizam, babões e cabos eleitorais se inflamam e, pouco a pouco, as peças se vão colocando no tabuleiro de xadrez. A população, aparentemente, encontra-se ainda sem muito apetite, meio cabreira e olhando de soslaio. E as razões são muitas para tanta desconfiança. Que valia tem o Título de Eleitor se os votos de milhões podem ser anulados por quatro gatos pingados, no tapetão ? Além de tudo,  as administrações públicas das três maiores cidades caririenses, na última gestão, foram, simplesmente, abaixo de qualquer crítica. Em nada avançamos, continuaram as mesmíssimas deformidades eleitorais de sempre, Saúde-Educação e Cultura, a mola mestra de qualquer cidade que se preze, foram simplesmente relegadas à sarjeta. Salvou-nos, apenas, a administração estadual anterior, que, alinhada com o governo federal, ao menos em termos de obras construídas, bateu todos os recordes conhecidos na história do estado. A última gestão da prefeitura do Crato, infelizmente, não conseguiu , simplesmente, acertar em uma única área. Marcamos passos por quatro anos, amarrados em processos burocráticos, licitações emperradas, secretários na sua maior parte sem conseguir desempenhar um mínimo de papel decente, se sucedendo quase que em escala de plantão e uma Câmara Municipal omissa, silenciosa, compactuando com a tragédia que se foi desenhando mês após mês. O Crato se tornou uma mera caricatura daquilo que já foi um dia e nisso, é imprescindível que se entenda, há muito da responsabilidade do seu povo e dos seus governantes. O descrédito chegou a um nível que sequer a candidatura natural à reeleição do atual gestor municipal se faz viável, nem mesmo apoio podendo diretamente dirigir a um ou outro candidato, tamanho o desgaste que foi acumulando, principalmente ante à tremenda expectativa que despertou nos cratenses com a histórica votação recebida em 2012.
                   Por tudo isso, claro, o cratense anda meio desconfiado , como cachorro em noite de São João. O cardápio que se apresenta, atualmente,  não parece trazer iguarias novas à degustação. A maior parte dos pratos já nos causaram indigestão em regabofes anteriores. Mas a mesa , aos poucos, vai sendo servida. É o que temos para o banquete democrático , se é que é ainda possível falar em Democracia no Brasil. Escolhamos o menos pior ! E mais, sejamos criteriosos na escolha dos vereadores ! Que possam desempenhar a função fiscalizadora e legislativa !  Não tem sentido pagarmos tão caro ( e eles são todos funcionários públicos, embora não pensem assim!) para se limitarem a dar nomes de rua e títulos de cidadania ! E mais: empanturrarem a máquina pública com seus asseclas e viverem cobrando taxinhas para aprovarem  projetos do interesse da população. Basta !  Se não for possível eleger um prefeito à altura do município de Crato, por inteira falta de opções ,  ao menos catemos , cuidadosamente, os nossos representantes na Câmara Municipal ! Uma Câmara isenta, independente e fiscalizadora já será , ao menos, um bom passo para escapar do marasmo histórico em que nos metemos !


Crato, 29/07/16  

Um comentário:

bel disse...

O problema é que a maioria do eleitor fala muito, mas na hora de mostrar o poder que tem, faz merda na urna.