E cá estamos nós, mais uma vez,
às vésperas de eleições. Amanhã estaremos postados diante das urnas prontos a ,
democraticamente, assinar um cheque em branco e uma procuração para aqueles que
nos representarão nos próximos quatro anos. A responsabilidade é grande e,
talvez por isso mesmo, esse período se encha de paixões desenfreadas e tantas vezes incontroláveis. Torcidas se
dividem nas arquibancadas no grande jogo da Democracia.
Uma parte dos espectadores ,
temerosos dos arroubos típicos da época, simplesmente se isola : eu não gosto
de Futebol ! O grande problema é que, na partida que vai se desenrolar, está em
jogo não apenas um mero placar ou a alegria ou tristeza da vitória ou derrota. Ela
definirá nossa saúde ou doença, nosso salário no final do mês, o preço do arroz
e da farinha na bodega da esquina, a qualidade da educação dos nossos filhos, a
tranquilidade de andarmos na rua sem armas apontadas para nossa cabeça, a
segurança do nosso emprego. Ou seja : não somos torcedores mas atletas, sair do
jogo significará, apenas, desfalcar o nosso time e ter que engolir as
consequências do placar desfavorável.
Outros, simplesmente, alheios às
consequências futuras, passarão para o time adversário, facilmente, vendendo o
passe, de forma imediatista, por um chinelo, um milheiro de telha, um
dinheirinho a mais, por um emprego ou futuras licitações ( aí varia apenas o
preço da sem-vergonhice). Terão assim negociado, como Judas, o futuro dele e de
seus filhos. Transformam , sem pejo, o grande templo democrático, num bordel.
Grande contingente de brasileiros,
no entanto, começa a ter ciência da importância da eleição. Passa a entender
que a culpa das deformidades seguidas dos políticos, metidos em escândalos
reiterados de corrupção, tem um só e grande responsável : o povo que os elegeu.
Os políticos são apenas o reflexo perfeito dos eleitores: nem mais nem menos. Teremos representantes melhores quando
melhorar o nível ético dos representados. Quem suborna o guarda de trânsito
para evitar a multa; quem arranja uma sinecura para um parente; quem sonega o
imposto devido; quem embolsa o dinheiro público em qualquer cargo que exerça, tem hombridade moral para se escandalizar com
os desfalques de políticos e apaniguados ?
Claro que o cidadão comum pode se
sentir na berlinda na hora de escolher o
menos pior. Não pode confiar no marketing dos candidatos que prometem como sem
falta e faltam como sem dúvida. Por outro lado, toda grande mídia é
perfeitamente facciosa : Rádios, TV´s e grandes jornais defendem seus
patrocinadores que apoiam os candidatos do interesse do grande capital e não do
zé povinho. O Brasil, praticamente, não possui partidos políticos, apenas um
amontoado de candidatos unidos por interesses comuns, geralmente pútridos e escusos. Como escolher ?
Como
separar o pouco trigo em meio à profusão de tanto joio ?
No caso específico dos deputados,
é catar aqueles que mais se associam com
a defesa da nossa classe. Se sou peão, dificilmente o empresário me
representará. Se sou canário, certamente o gavião não será meu melhor
representante. Se o candidato pleiteia a
reeleição , avalie-se o que ele fez na anterior, que projetos apresentou e que
frutos estes projetos trouxeram para nosso quotidiano. Na eleição presidencial
o mais importante é responder à pergunta: Minha vida melhorou ou piorou nos últimos
anos ? Estamos melhor agora do que há dez anos atrás ? Emprego, moradia ,
salário, acesso à escola melhoraram ou pioraram ? A resposta a essas perguntas
pode nortear nosso voto mais preciso e consciente.
No horizonte delineiam-se dois projetos
políticos claros : de um lado aquele que centra sua maior atenção na população
mais simples e carente , a fatia maior da população brasileira, que vê o estado
como responsável direto por nosso bem estar. Do outro, um projeto centenário que foca sua atenção na
elite brasileira que deve receber todas as benesses e distribuí-las
caritativamente com a pobreza, nesta plataforma o estado é sempre um árbitro
distante e cada um deve se virar como puder. O cardápio está à mesa, escolham os
pratos e vamos ao grande jantar
democrático, palatável ou indigesto, a escolha é sua !
Crato, 03/09/14
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