Você Praça
Acho
graça
Você
Prédio
Acho
Tédio
De um “Grafitti”
J. FLÁVIO VIEIRA
Há
alguns anos, na primeira gestão do governador Cid Gomes, houve a proposta da
construção de uma nova sede para a realização da Expocrato. A ideia foi
adiantada, em rádio local, pelo atual governador Camilo Santana, então
Secretário de Governo de Cid. Abriu-se uma grande polêmica na cidade em torno
do assunto, entendendo muitos dos cratenses que se estava tentando empurrar uma
proposta de goela abaixo, sem discussão ampla com a população. Discussões
acaloradas, agressões de lado a lado, terminou acontecendo o que seria fácil de
prever: perdemos uma obra importante para a nossa cidade, destinou-se a verba
para outros municípios e o Crato, mais uma vez, teve que se contentar com
nadicas de nada. Nem mel, nem cabaça !
Agora , governador, Camilo, cratense, acena novamente com a
possibilidade de construção de um Parque definitivo para a Expocrato, mais
afastado do Centro, com infraestrutura adequada a uma festividade importante no
Cariri, de inclinação vocacional à agropecuária, mas que, ao longo do tempo, se
foi travestindo em entretenimento. Novamente, corremos o risco de preencher a questão com
discursos antagônicos e vazios e perder mais uma vez o bonde da história. Falta
apenas um ano e meio para o fim da gestão do atual governador e não sabemos
qual será o apetite e a disposição do seu sucessor.
Vou, mais uma vez, meter
minha colher de pau nesse angu insosso. O atual Parque foi viabilizado, nos
anos 50, quando a cidade acabava na altura do Hospital São Francisco. Era,
pois, uma área isolada e distante do centro, inserida numa localização mais
rural que urbana. Serviu, ao longo desses mais de sessenta anos, única e
exclusivamente para uma festa anual, não se lhe dando funções maiores nos
outros mais de 350 dias . Hoje, a cidade cresceu, alastrou-se por todo o pé da
serra do Araripe e o parque viu-se, de repente, no coração do Crato. Quando
da Exposição, traz enormes transtornos à população,
dificultando a mobilidade urbana, poluindo sonoramente todas as áreas vizinhas,
inclusive um Hospital , uma Maternidade e um abrigo de idosos contíguos ao parque. Sem
falar-se no Cemitério N. S. da Piedade, defronte, onde , um dia, já se desejou
repouso eterno a amigos e familiares ali residentes. Moradores de bairros
vizinhos, mesmo a contragosto, se vêm obrigados a ficar acordados tendo que
assistir , como uma tortura, a shows da
mais péssima qualidade. E os animais , motivo maior da festa, se vêm
estressados e irritados com a barulheira infernal. O Parque virou um estorvo !
Alio-me a um movimento recente
em Crato a favor da construção do novo Parque, em área mais rural. Em nada a
festa será prejudicada, ganharemos todos com os benefícios da novidade e da boa
infraestrutura. Teremos, ainda, que pensar em como torna-lo produtivo e útil à
agropecuária em todos os períodos do ano. O mais
importante, no entanto, será destino que
daremos ao atual . Podemos construir um grande parque urbano, com áreas
de convivência; Vila Olímpica para esportes variados ( que inclusive poderão ser
utilizados pela URCA), como ciclismo, natação, futebol, Vôlei, Basquete, pista
de Cooper etc; uma Concha Acústica para
shows ; um planetário; um lago; um Jardim Botânico. Seria uma espécie de
Central Park cratense. Percebo, claramente, que a especulação imobiliária está
de olho no espaço tão nobre e valioso. O Central Park de Nova York está no
coração mais nobre da cidade e tem 3,5 Km2, com uma área verde lindíssima em
meio à selva de pedra e de concreto e nem por isso, no coração capitalista do
mundo, se pensou em transformá-lo em prédios e arranha-céus.
Vimos ,
recentemente, como é possível, com simples intervenções urbanas, transformar
totalmente a vida de milhares de pessoas. Basta olhar a reforma feita no
Seminário aqui em Crato. Hoje o bairro revigorou-se, atraiu para si populares
de outros bairros, diminuiu seus índices históricos de violência, vemos as
pessoas felizes se exercitando, conversando e jogando conversa fora, crianças
brincando nos parquinhos.
O Crato que
tem provado, nos últimos trinta anos, que sempre é possível encontrar um gestor
pior do que seu antecessor, não pode perder , mais uma vez, a locomotiva da
história. Corremos o risco de nos transformar numa cidade fantasma, uma Cococi
caririense. Aproveitem-se os ventos favoráveis ! Unamo-nos à boa vontade do governador
Camilo na construção de uma sede definitiva, mais rural, para nossa festa mais
importante e no projeto grandioso de transformar o espaço de nossa atual Exposição num Parque de Inclusão,
Meditação e Curtição. Sejamos Praça e Graça e não Prédio e Tédio !
Crato, 02 de junho de
2017
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