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Vendemos nosso tempo através do trabalho, mas é preciso libertar o ser humano do comprador que lucra com isso.
“Na
democracia representativa, os meios de comunicação se constituem no
instrumento mais eficiente de influenciar políticas econômicas. Os
grandes grupos midiáticos sempre responderam às demandas dos grandes
anunciantes e grandes grupos econômicos, estabelecendo uma não isonomia
com outros setores.”
Jornalista Luis Nassif em seu blog
A
cortesia de José Flávio enviando-me um convite para o lançamento de seu
novo livro, aliada da divulgação nos blogs da região que leio com
frequência, me levam a comemorar esse lançamento. Mais um livro do Zé.
Comemorar, pois como é óbvio o livro acabou de ser lançado, e não tenho
muito o que dizer sobre ele quando ainda não o li. Mas como li na
resenha parece-me que alguns dos textos já me sejam conhecidos.
Mas
o essencial desta história é a independência e a expressão do
pensamento e da criatividade de Zé Flávio. Livre expressar e coragem de
se tornar público. E mais ainda. É a natureza da independência do
escritor. Ali tudo passa pelas lutas no limiar entre a dignidade e o
ganha pão a que todos se obrigam como parte da classe que ganha a vida
pelo seu trabalho.
Quando
leio Zé Flávio sei que aquele texto não está fisgado por nenhuma bula
de laboratório, apenas para lembrar a principal função econômica dele. O
que codifica em palavras é o Zé Flávio no mundo sem cargos
comissionados, sem arranjo eleitoral, sem acordos de conveniência,
embora tenha os acordos dos códigos das leis.
Por
isso os locais onde ele publica tão bem representa a beleza, a leveza e
fluidez das escritas do Zé. São blogs que não aderiram. E nunca
venderam sua alma à Prefeitura, ao Estado e nem à União. E olhe que
estamos tratando de um livro que pelo que li teve apoio público, mas não
sujeitou o escritor ao tacão da burocracia e dos chefes políticos.
Lembro
que alguns anos passados entrei num debate aí no Crato quando uma
pessoa muita ativa nos blogs da região resolveu vender seu talento, e
junto com ele seus instrumentos da internet à situação governista.
Levantei a lebre que não haveria mais liberdade e que os instrumentos
seriam paulatinamente objetos do “abraço de urso” do governo.
Enquanto
em me debatia com a pessoa sobre esse assunto, um terceiro emitiu uma
opinião que efetivamente me deixou desnorteado. Este terceiro é um
artista muito destacado no amplo meio de manifestações da imagem e
ponderou que as pessoas tinham o direito de ganhar sua vida com seu
talento e de acordo com a oferta que é tão cruel e exígua na nossa
cidade. Não falei mais no assunto e até senti-me envergonhado de viver
numa realidade em que a oferta é mais generosa.
Mas
agora ao acompanhar o sucesso do lançamento do Zé Flávio sinto que
minha vergonha não pode albergar a alegria que sinto em ter uma voz
autêntica e livre se manifestando na minha terra. E mais ainda: sinto a
alegria imensa de ver esta luz enquanto naquele caso, sinto a penumbra e
o dissabor de ter visto um talento daquela ordem ser triturado pelas
circunstâncias e por um governo tão menor do que era o seu contratado.
Hoje
é domingo. Aqui no Rio foi uma semana inteira de Papa e Frio. Da minha
janela vi quase todos os dias a imagem ao vivo do helicóptero da FAB que
a televisão mostrava, uma vez que moro encostado ao morro do Sumaré. E
lá no alto aquela nave, pequena na distância, mas de grande porte,
passava indo para a praia de Copacabana, assim como daqui vi a nave da
voz do Cariri livre e solta a manter vida e esperança no futuro.
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