O LGP envolveu
incontáveis escritores das mais diversas regiões do Brasil, inclusive vinte e
sete novos autores, escolhidos em Concurso de Contos realizado anualmente, e até
mesmo escritores internacionais (Japão, EUA, Portugal). O benfazejo pólen do
LGP, levado pelo vento, floresceu em muitos outros campos mundo afora: Uberaba,
Manaus, Crato, Uberlândia, São Lourenço e Toronto no Canadá.
Aqui em Crato, em 2019,
o Instituto Cultural do Cariri promoveu, na praça Siqueira Campos, o primeiro
LGP com a distribuição de mais de dois mil livros, doados gentilmente por
autores caririenses e também pelo Projeto LGP/MG e Instituto Fernando Sabino,
de BH. Este ano, o Instituto Cultural do Cariri, com apoio irrestrito da Secult/Crato,
e através da captação de recursos em Edital de Patrocínio da Lei Municipal de
nº 3453/2018, está publicando seu próprio livro para o LGP, envolvendo em torno
de 25 escritores do nosso sodalício e mais seis escolas estaduais de Ensino
Médio, cujos estudantes participaram de concurso para escolha de textos para o
LGP/Crato/2021, sobre lendas e mitos caririenses. O evento acontecerá nesse
sábado a partir da 9:00 h , na Praça Siqueira Campos, numa grande festa
literária, com saraus poéticos, apresentações musicais, retreta da Banda
Municipal de Crato, contações de histórias, oficinas para fabricação de
marcadores de livros. O público presente receberá, ainda, gratuitamente, o livro
: “A Caverna encantada- Mitos e Lendas do Cariri”, editado, carinhosamente para
o evento, com tiragem de mil exemplares, além de incontáveis outros livros
doados por autores caririenses e cordéis, inclusive um produzido pela Academia
de Cordelistas do Crato sobre este mesmo tema. O professor José Mauro, criador
do Projeto, estará presente conosco na grande festança de fim de ano que
obedecerá, religiosamente, todo o protocolo sanitário.
Em tempos em que todos
os Códigos: ético, moral, de conduta e posturas parecem ter sido substituídos
pelo Código de Barras, você deve se perguntar, a razão de tantos escritores
estarem promovendo este projeto, se nadicas de nada receberão ,
financeiramente, de volta. Talvez a resposta seja que vivemos numa epidemia
cujo remédio é vacina e isolamento. Por outro lado, convivemos com uma endemia
que agora se tornou epidêmica: a do descaso, do abandono, do esquecimento, da
desigualdade. Para esta, ao contrário da outra, a terapêutica é luta,
aglomeração e a aplicação de dois medicamentos infalíveis: Cultura e Educação.
O professor José Mauro
da Costa tem a clara ciência de que os terríveis índices educacionais do país
não são um mero acaso, mas resultam de projetos de governo, como um dia
preconizou seu conterrâneo Darcy Ribeiro. Ele traz, junto conosco, um pequeno
orvalho na esperança de que terá a força de apagar o vertiginoso incêndio que
devasta a floresta. É que as tempestades, afinal, são feitas de pequeninas
gotículas que se juntam nos Cumulus.
Gota a gota, quem sabe, um dia o orvalho se transforme em chuva torrencial e o
sertão, como previu o Conselheiro, pode de novo virar mar.
Outubro/2021
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