
Untamos nossas vidas nordestinas na bipolaridade das estações. Verão para nós não é sinônimo de praia e de bronze; é apenas a dura e áspera perspectiva do inverno ansiosamente esperado, cuidadosamente profetizado. O verão carrega consigo, umbilicalmente, o outono que despe descaradamente e sem escrúpulos os marmeleiros.Ele, com o seu fogo, forja-nos a alma para a luta incessante contra as adversidades climáticas . Aprendemos a sobreviver em meio às pedras, e aos seixos; à mucunã e ao catolé. O Inverno, por outro lado, imanta-se em primavera e transforma a paisagem debuxada em nanquim, numa esplendorosa aquarela. Como se fora o Yang e o Yin, o verão e o inverno nos ensinam a cada dia a possibilidade eterna de renascer. O deserto da nossa alma, a seca dos nossos sentimentos, a estiagem em nosso coração, quem sabe, são meros acidentes da nossa metereologia vital . Abramos, pois, os riachos dos nossos sentidos, preparemos os açudes do nosso espírito e aguardemos pacientes as gotas benfazejas que haverão de cair , mais cedo ou mais tarde, para a ressurreição da nossa vida. Ah ! E não esqueçamos de semear, enquanto a chuva não vem, uma ou outra begônia, em algum canteiro esquecido do nosso peito... é bom esperar os novos tempos com uma flor na lapela !
15/05/09
Nenhum comentário:
Postar um comentário