quarta-feira, 31 de julho de 2013

Teias do Lançamento de "A Delicada Trama do Labirinto"

Largo da RFFSA
26/07/13
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Unimed / Cariri
Hospital São Francisco de Assis



















José do Vale Feitosa fala sobre "A Delicada Trama do Labirinto"


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Vendemos nosso tempo através do trabalho, mas é preciso libertar o ser humano do comprador que lucra com isso. 


Na democracia representativa, os meios de comunicação se constituem no instrumento mais eficiente de influenciar políticas econômicas. Os grandes grupos midiáticos sempre responderam às demandas dos grandes anunciantes e grandes grupos econômicos, estabelecendo uma não isonomia com outros setores.”
                                                                 Jornalista Luis Nassif em seu blog

A cortesia de José Flávio enviando-me um convite para o lançamento de seu novo livro, aliada da divulgação nos blogs da região que leio com frequência, me levam a comemorar esse lançamento. Mais um livro do Zé. Comemorar, pois como é óbvio o livro acabou de ser lançado, e não tenho muito o que dizer sobre ele quando ainda não o li. Mas como li na resenha parece-me que alguns dos textos já me sejam conhecidos.

Mas o essencial desta história é a independência e a expressão do pensamento e da criatividade de Zé Flávio. Livre expressar e coragem de se tornar público. E mais ainda. É a natureza da independência do escritor. Ali tudo passa pelas lutas no limiar entre a dignidade e o ganha pão a que todos se obrigam como parte da classe que ganha a vida pelo seu trabalho.

Quando leio Zé Flávio sei que aquele texto não está fisgado por nenhuma bula de laboratório, apenas para lembrar a principal função econômica dele. O que codifica em palavras é o Zé Flávio no mundo sem cargos comissionados, sem arranjo eleitoral, sem acordos de conveniência, embora tenha os acordos dos códigos das leis.

Por isso os locais onde ele publica tão bem representa a beleza, a leveza e fluidez das escritas do Zé. São blogs que não aderiram. E nunca venderam sua alma à Prefeitura, ao Estado e nem à União. E olhe que estamos tratando de um livro que pelo que li teve apoio público, mas não sujeitou o escritor ao tacão da burocracia e dos chefes políticos.
Lembro que alguns anos passados entrei num debate aí no Crato quando uma pessoa muita ativa nos blogs da região resolveu vender seu talento, e junto com ele seus instrumentos da internet à situação governista. Levantei a lebre que não haveria mais liberdade e que os instrumentos seriam paulatinamente objetos do “abraço de urso” do governo.

Enquanto em me debatia com a pessoa sobre esse assunto, um terceiro emitiu uma opinião que efetivamente me deixou desnorteado. Este terceiro é um artista muito destacado no amplo meio de manifestações da imagem e ponderou que as pessoas tinham o direito de ganhar sua vida com seu talento e de acordo com a oferta que é tão cruel e exígua na nossa cidade. Não falei mais no assunto e até senti-me envergonhado de viver numa realidade em que a oferta é mais generosa.

Mas agora ao acompanhar o sucesso do lançamento do Zé Flávio sinto que minha vergonha não pode albergar a alegria que sinto em ter uma voz autêntica e livre se manifestando na minha terra. E mais ainda: sinto a alegria imensa de ver esta luz enquanto naquele caso, sinto a penumbra e o dissabor de ter visto um talento daquela ordem ser triturado pelas circunstâncias e por um governo tão menor do que era o seu contratado.  
  

Hoje é domingo. Aqui no Rio foi uma semana inteira de Papa e Frio. Da minha janela vi quase todos os dias a imagem ao vivo do helicóptero da FAB que a televisão mostrava, uma vez que moro encostado ao morro do Sumaré. E lá no alto aquela nave, pequena na distância, mas de grande porte, passava indo para a praia de Copacabana, assim como daqui vi a nave da voz do Cariri livre e solta a manter vida e esperança no futuro.   







quinta-feira, 18 de julho de 2013

Ariado



J. Flávio Vieira

                                            
   A história de Zé Felipe não se fazia tão diferente  de muitos outros caminhoneiros Brasil afora. Começara com uma pequena Rural transportando feirantes de Matozinho para cidades vizinhas como Bertioga e Serrinha dos Nicodemos. Aos poucos o negócio foi progredindo  e Zé comprou uma caminhonete, depois uma sopa e, já nos anos quarenta, terminou adquirindo seu primeiro caminhão, ramo em que acabou se fixando pelo resto da vida. Estradas de barro , esburacadas, íngremes, tortuosas,  a profissão era uma aventura digna de um  Fernão Dias Paes Leme. Acostumara-se àquela vida de peregrino, de judeu errante. Mesmo velho, por inércia, já era impossível parar.Transportava cargas sem destino previsível, de um ponto a outro do país. Muitas vezes passava  mais de seis meses sem retornar a Matozinho.  A família não tinha nenhuma notícia de Zé neste período. A única comunicação possível seria via telegráfica e saltando de cidadezinha em cidadezinha, pelos ocos mais inóspitos do Brasil, até esta via se mostrava inexeqüível. Restava aos familiares a saudade e a prece.
                                   Cada retorno de Zé , assim, inundava a vila de alegria, comemorava-se o feito de um herói, como se ele houvesse escalado o Everest ou pisado pela primeira vez no Pólo Sul, como Amundsen. Por outro lado, Felipe vinha também como um Marco Pólo, trazendo notícias e histórias de terras distantes e quinquilharias para vender ao povo de Matozinho: últimas novidades da civilização.  Quando o velho caminhão Mercedes  apontava na descida da Serra da Jurumenha, a vilazinha exultava. Junto de Zé , seu eterno ajudante : Tico Biroba. Eles faziam uma dupla perfeita: D. Quixote e Sancho Pança da Caatinga. As histórias de Felipe ainda hoje inundam o imaginário de Matozinho, tantos anos depois, pelo inusitado, pelo humorístico, pelo doce tom de irreverência.
                                   Cada curva da estrada escondia perigos insondáveis. Felipe computava inúmeros acidentes na profissão. O maior deles , no início dos anos cinqüenta, uma capotagem terrível nas montanhas das Minas Gerais, quase dá cabo dele e de Biroba. Escaparam,  mas o caminhão destruiu-se, em tempos em que seguro de carro  inexistia. Zé ficou com uma mão no cano e outra no feixe, triste e desiludido pelos cantos. Escreveu então a Getúlio Vargas, então presidente, contando o infortúnio por que passava, agora, inclusive, sem mais ter como sustentar a família. Dias depois recebeu, por incrível que possa parecer, uma resposta do Catete. O presidente lhe ofertava um outro caminhão para que continuasse a vida nômade. Felipe recebeu-o no Rio de Janeiro e  escreveu no pára-choque uma frase que demonstrava toda  sua gratidão : “Esse foi Getúlio quem deu !”
                                   Varando as tortuosas estradas do Brasil,  por tantos e tantos anos, Felipe conhecia cada buraco. Familiarizara-se com mecânicos, borracheiros, bodegueiros, motoristas por tudo quanto é de biboca desse país. Bom papo, cheio de presepadas, conheciam-no nos lugares mais ermos, como se fora uma reencarnação de Pedro Malasartes.  Suas peripécias corriam de língua em língua e até foram , um dia, imortalizadas em um cordel atribuído  ao poeta Pedro Pito. Foi do cordel esgotado de Pito que arrancamos algumas dessas histórias  que deixamos registradas aqui, na esperança que este texto tenha mais durabilidade que as páginas já puídas do nosso poeta maior.
                                   Numa das suas raras permanências em Matozinho, Felipe encontrou, um dia, na feira, com Mané Mago, um varapau que morava nas terras do Cel Anfrízio, homem sério como fundo de touro e de pouca conversa. Mané passara uma época em São Paulo e, não encontrando o El Dorado, retornara a sua vila, com o rabinho entre as pernas. Trouxera, junto com ele, aquela indumentária própria para o inverno paulista e não a dispensava , mesmo no sol mais escaldante de outubro. O adereço mais chamativo era um chapelão enorme que mais parecia uma sombrinha. Foi com essa arrumação que Zé Felipe deu com ele, no pino do meio dia, na feira. Cumprimentou-o, cordialmente, mas não perdoou :
                                   --- Zé, meu amigo ! Onde é que você vai montar esse carrossel ?
                                   Zé, enfezado, saltou com quatro pedras na mão :
                                   --- No cu da mãe, Felipe ! No cu da mãe !
                                   Felipe não se enrolou :
                                   --- Bacana, Mané ! Só assim eu rodo de graça !
                                   Em uma das suas incontáveis viagens, no inverno,  o caminhão atolou feio lá pras bandas da Paraíba. Alguns  lavradores ,que limpavam uma roça próxima, reconheceram o motorista e vieram ajudá-lo. Calça daqui, cava dali, empurra dacolá , depois de umas duas horas, conseguiram, por fim, desatolar o veículo. Estavam todos exaustos e calabreados como se trabalhassem em Serra Pelada. Os lavradores eram todos de uma mesma família, residente ali próximo. Todos atarracados e com uma característica interessante, pescoço curtíssimo, como se a cabeça saísse diretamente dos ombros. Já no carro e acelerando, Zé perguntou-lhes quanto devia. Eles, solícitos, disseram que não era nada, enquanto já retornavam meladíssimos ao trabalho da roça. Saindo, Zé Felipe gritou :
                                   --- Obrigado, amigos ! Quando eu voltar de Campina Grande vou trazer um par de pescoço pra cada um de vocês !
                                   Teve que acelerar rápido, pois o palavrão e a pedrada comeram no centro !
                                   De uma outra feita, no interior da Bahia, próximo a Jequié, em plena zona rural, algumas pessoas atravessaram na estrada , pedindo socorro. Zé Felipe freou. Uma mulher contou então que o pai estava muito doente e pedia ajuda para levá-lo, no caminhão improvisado de ambulância, até a cidade.  O motorista mostrou-se solícito, mas pediu para examinar primeiro o paciente, pois se dizia experiente, já fora meizinheiro na feira de Matozinho e, quem sabe, poderia ajudar. Levaram-no até uma casinha de taipa e lá, em um dos quartos, encontrava-se um senhor  gordo, com uma barriga enorme e feio como o diabo com convulsão. Disse que estava sem desistir há mais de uma semana e não soltava um vento nem pelo amor de Deus. Zé o examinou, rapidamente e selou o diagnóstico :
                        --- Minha senhora, não é nada demais! É só um peido ariado. O cabra é feio demais e o peido fica zanzando pra cima e pra baixo :  não sabe se o cu é em cima ou embaixo !
                        Já velho, Zé Felipe, ainda em atividade, caiu doente. Pressentiu que a velha da foiçona arrodeava sua casa. Chamou Tico Biroba, o companheiro de toda uma vida e pediu-lhe que passasse com o velho Mercedes diante da sua casa e desse um apitão daqueles de ecoar na pradaria. Biroba, com os olhos lacrimejando, realizou o desejo do chefe e foi montado naquela buzina  que Zé Felipe empreendeu sua última viagem , desta vez por uma estrada escura e totalmente desconhecida.

18/07/13

sexta-feira, 5 de julho de 2013

Mènage à trois





J. Flávio Vieira

                                               Os nome e sobrenome não eram, definitivamente, próprios para Matozinho. Talvez, por isso mesmo, D. Lilibeth Safra Vanderbilt jamais conseguiu se adaptar àqueles cafundós do Judas. Despencando  para os setenta e lá vai porrada, viúva,  esticada e reesticada por várias plásticas, ela morava na vila há mais de dez anos. Vivia reclusa, não participava da vida social da cidade, não falava com quem quer que fosse, com exceção, claro, de Felismina – sua empregada de muitos e muitos anos –  por inteira falta de  opção, a quem tratava , mesmo assim,  como se a Lei Áurea nunca tivesse sido promulgada. Matozinho, por outro lado, não gostava nem um pouco de D. Lili  -- como a chamavam, às escondidas, quebrando o ritual de nobreza,  denominação contrária totalmente à vontade da dona. A senhora contemplava a todos do andar de cima, com desdém e um certo nojo mal contido. O povo, entre dentes, vingava-se daquela importância . Mulher nobre daquele jeito era para morar num castelo no Vale do Loire e não em Matozinho! E,  de língua em língua, pinicavam o oratório dela, trazendo a versão oficiosa das outras cores menos brilhantes e mais esmaecidas  que se escondiam por baixo de tanto sangue azul.
                                               D. Lili era filha do velho Pedro Cangati, um dos líderes políticos mais influentes da cidade, nos anos 30 e 40. Nascera, na verdade,  Setembrina do Espírito Santo Cangati --- parecia nome feio, palavrão para se imprecar em desafetos, mas aquilo, por mais incrível que possa parecer, era nome de gente , sim senhor !  O Setembrina herdara de uma avó materna e o Cangati do pai, o Espírito Santo certamente compunha o nome na intenção de proteger o dono daquele aleijo ortográfico. Ainda mocinha, Setembrina , carregando o nome ou o karma, partiu para o Rio de Janeiro, onde estudou e renegou seguidamente suas origens plebéias. Andou viajando pela Europa e, depois, mesmo voltando ao Brasil, se radicou oficialmente no continente europeu. Para tanto, claro, precisou trocar, rapidamente , o nome brega e, através da força política do pai, um novo Registro Civil foi lavrado em Matozinho, pelo notário Zé Filgueiras. Lá,  constava o local de nascimento:  Salzburg na Áustria e o nome pomposo Lilibeth Safra Valderbilt, filha adotiva do Sr. Pedro Cangati. D. Lili , por muitos anos, permaneceu no Rio, nem se dignava dar as caras em Matozinho. Só falar naquela cidadezinha lhe dava engulhos, se fazia de mal entendida e negava mais que Pedro antes do canto do galo. Morava em um apartamento comprado pelo pai na Avenida Nossa Senhora de Copacabana, onde se metia em festas grã-finas e posava de bacana. Tudo ia às mil maravilhas com ela e seu ciclo de amizades, até que o curso normal das coisas deu um cavalo-de-pau.
                                               Um belo dia,  o velho Pedro Cangati fez a viagem derradeira. A mãe de Lilibeth já havia seguido na frente alguns anos atrás. Aberto o inventário, viu-se que as enormes posses do chefe político se diluíam entre os doze filhos legítimos e mais de trinta espúrios que  Cangati deixara espalhados na região. Lilibeth, já balzaquiana, caiu do andor. Vivera até então às custas do pai e da cagação  de goma. Não possuía emprego qualquer, acostumara-se ao subsídio. Percebendo que sua dinastia estava ameaçada e que até o apartamento do Rio teria que ser vendido para o rateio, Lilibeth desesperada, encontrou a única saída possível. Botou-se para cima de um primo, Ludovico Cangati, vereador em Matozinho e dono de muitas terras por lá. Ludovico era solteirão, comentava-se, à boca miúda, que ele vazava corrente , que já vivia maritalmente com  o capataz da sua Fazenda Unha-de-Gato, mas D. Lili não viu escapatória. Casou com Ludovico ( que pôs uma nuvem de fumaça no falatório sobre sua sexualidade), salvou ela  a reputação, mas,  com um grave efeito colateral : teve que se mudar para Matozinho. Aliás, em parte : seu corpo estava ali na vila, mas a alma ainda perambulava pelo Sena e pelo Calçadão de Copacabana. A convivência com o esposo, não pareceu difícil. Ela fechava os olhos para as preferências de Ludovico, até mesmo porque, pelo que se sabia das suas perambulações cariocas, ela apreciava mocinhas e nunca fora muito “fanática por rola”.
                                               Assim, parecia mais que justificável a reclusão de D. Lili. Primeiro, não queria se misturar com aquela gentalha, aquela récua de pé-rapados que vivia naquele oco do mundo. Depois, queria fugir de insinuações quanto às preferências esdrúxulas dela e do marido. No mais, era um oceano de preconceitos: tinha náuseas diante de negros, de pobres , e, principalmente, de nordestinos, judeus  e homossexuais. Periodicamente, partia para o seu querido Rio e lá fazia suas compras e degustava suas menininhas. Roupas, sapatos, perfumes finos atulhavam as malas na volta. Usava-os em casa, pois não saía para nenhum lugar daquelas brenhas imundas. Mandara construir uma capela em casa e pagava ao Padre Arcelino para celebrar, todo mês, uma missa para ela e Ludovico . A Felismina era permitido assistir ao culto do lado de fora.
                                               Desconfiava-se que D. Lili, apesar da nobreza, não perdera , de todo, o gosto por algumas iguarias locais. Muitas vezes,  a força dos Cangatis lhe batia forte.  Mas não dava o braço a torcer. Pedia a Felismina, sorrateiramente, para comprar, às escondidas, o pé-de-moleque de Toinha Socó, a Buchada de Cida , a lingüiça de Mundica de Bertioga, o quebra-queixo de Zuzu Jurumenha. Ia a funcionária, no entanto, com ordem expressa de dizer que era para ela mesma, que, afinal, uma locomotiva chique, não come comida digna de ser oferecida aos porcos, né ?  O que diria Glória Kalil ?
                                               Beirando oitenta, D. Lili caiu doente. Ludovico a levou ao Rio. Diagnosticaram uma doença grave. Ela, no entanto, voltou feliz, encantada com o nome pomposo da moléstia: Esclerose Amiotrófica Lateral. Aquilo, sim, era nome digno de constar num atestado de óbito !  O certo é que a saúde de Lilibeth degringolou rapidamente. Numa das revisões, faleceu no Rio de Janeiro, para sua alegria. Ludovico a sepultou por lá, seguindo a vontade da mulher :
                                               --- No São João Batista, viu Ludovico? Não esqueça !
                                               Uns dois anos depois, o esposo resolveu fazer o traslado dos restos mortais para Matozinho. Estava ficando velho e a distância o impedia de visitá-la regularmente. Lili deve ter se revirado no túmulo, como ventilador. No novo sepultamento, no Cemitério Nossa Senhora da Alegria, os coveiros ficaram surpresos. As roupas da locomotiva estavam puídas, os ossos pareciam negros( que castigo!) e o perfume que rescendia dos restos mortais não eram do Chanel Número 1 ! Lilibeth não deve ter apreciado  muito a homenagem que a Câmara de Vereadores lhe presenteou. Uma rua periférica com o nome em letras graúdas: “Setembrina do Espírito Santo Cangati” e, logo abaixo, entre parêntesis, em caixa miudinha : “D. Lili”. O pior é que a ruazinha desembocava no lixão da cidade.
                                               Ao menos o jazigo que Ludovico mandara erguer mostrava-se digno da importância da moradora. Todo de mármore, monumental, com anjos dependurados nas beiradas e , finalmente, o Lilibeth Safra Vanderbilt ( 1936-2012) , em alta relevo  e, abaixo,  o  latinório : “Resquiat in Peace”. Semana passada, no entanto, Ludovico visitando o cemitério deu com uma cena inusitada. Em cima do túmulo uma cadela vira-lata  no cio, sendo coberta por dois cães pé-duros. Saiu correndo, imaginando a profanação do jazigo de Lili, uma pessoa tão fina e elegante , presenciando aquela afronta logo acima dela. Mas que putaria ! Procurou o coveiro e pediu providências imediatas. Inconscientemente, minorou a agressão que estava acontecendo, utilizando a técnica Safra-Vanderbilt de converter o brega em chique:
                                               --- Por favor, seu coveiro, acuda, ali ! Tem dois Dobbermans fazendo Mènage à Trois com uma Poodle, no túmulo de Lili !

05/07/13